Raúl Castro na CELAC: discurso esclarecedor

Editado por Juan Leandro
2015-01-29 12:48:40

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Desde que os presidentes de Cuba, Raúl Castro, e dos EUA, Barack Obama, anunciaram em 17 de dezembro passado a decisão de reatar os laços diplomáticos entre os dois países, muitos critérios têm aparecido na mídia com múltiplas interpretações sobre este fato.

Por isso foi importante o discurso proferido por Raúl na 3ª Cúpula da CELAC, Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, na Costa Rica.

O presidente cubano disse que o reconhecimento de Obama do fracasso da política anticubana de Washington ao longo de mais de 50 anos e sua decisão de restabelecer as relações, interrompidas no começo da década de 1960, foram o resultado de quase um século e meio de luta heroica e fidelidade aos princípios do povo de Cuba. Também, à nova época que vive a região e à exigência sólida e corajosa dos governos e povos que integram o bloco regional.

Em seu discurso perante os representantes das 33 nações da CELAC, Raúl Castro explicou que Cuba e os EUA deverão aprender a arte da convivência civilizada, a partir do respeito às diferenças entre os dois governos, e buscar a colaboração em temas de interesse mútuo, contribuindo assim à solução dos desafios do mundo atual.

Porém, advertiu que Cuba não renunciará a seus ideais de independência e justiça social, nem a seus princípios ou a defesa da soberania nacional. E ressaltou a diferença entre os termos “reatamento” e “normalização” das relações, que parecem sinônimos mas têm um significado diferente. “O reatamento das relações diplomáticas é o começo de um processo rumo à normalização das relações bilaterais”, apontou Raúl Castro.

Entre os passos a dar, mencionou a reabertura dos serviços financeiros à Seção de Interesses de Cuba e seu escritório consular em Washington, tirar Cuba da lista de países patrocinadores do terrorismo internacional, elaborada pelo governo norte-americano, e definir qual será a postura dos diplomatas dos EUA em Havana quanto ao respeito às normas e tratados internacionais.

A normalização das relações é um processo mais profundo, e serão necessárias mudanças drásticas na política norte-americana das últimas décadas. Entre elas, o fim do bloqueio econômico, comercial e financeiro a Cuba, a devolução do território ocupado ilegalmente pela Base Naval de Guantánamo, a suspensão das transmissões radiofônicas e televisivas anticubanas, e uma compensação ao povo deste país pelos danos ocasionados durante mais de cinco décadas.

“Sem resolver esses problemas, não teria sentido a aproximação diplomática entre Cuba e os EUA”, afirmou Raúl Castro em seu discurso na Cúpula da CELAC. Disse que o caminho será longo, mas acredita que os dois governos, apesar das profundas divergências, poderão encontrar solução aos problemas através do diálogo respeitoso e do intercâmbio baseado na igualdade soberana e a reciprocidade, em benefício das duas nações.

(G. Alvarado, 29 de janeiro)

 



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