Papa exorta a pedir perdão aos povos indígenas

Editado por Yusvel Ibáñes Salas
2016-02-17 13:18:52

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Visitando o estado de Chiapas, o mais pobre do México e onde a concentração de comunidades originárias é maior, o papa Franciso fez chamada para pedir perdão aos povos indígenas pelos séculos de exclusão aos que foram submetidos desde a conquista europeia.

O Sumo Pontífice da Igreja Católico afirmou perante uma multidão na cidade de San Cristóbal de las Casas: que “muitas vezes, de maneira sistemática e estrutural, seus povos foram incompreendidos e excluídos da sociedade. Que tristeza! O bem que nos faria um exame de consciência e aprender a dizer: Perdão!”

As palavras de Francisco são uma chamada urgente para dignificar e valorizar milhões de seres humanos que durante a chamada conquista da América e nos mais de cinco séculos posteriores foram vítimas do despojo: desde suas terras ancestrais, sua cultura e religião, sua dignidade, liberdade e, em inumeráveis vezes, de suas próprias vidas.

É uma magnifica oportunidade para fechar o terrível fosso aberto naquele 12 de julho de 1562, quando a fogueira montada pelo bispo Diego de Landa em Mani, no Iucutã, consumiu centenas, talvez milhares de textos e obras importantes, que continham o testemunho da grande riqueza cultural, científica e espiritual alcançada pelos povos maias e privou a posteridade dessa herança, desses valores, perdidos para sempre.

Hoje em dia só tem alguns livros sobreviventes, os chamados “códices”, cujo conteúdo ainda não foi decifrado com exatidão, e quase todos eles permanecem em terra estranha: o de Dresde, na Alemanha, o Peresiano, em Paris, e o Tro Cortesiano, em Madri. Só o Grolier, cuja autenticidade é discutida pelos especialistas, se encontra no Museu de Antropologia do México.

Na fogueira de Landa também se consumiram os direitos mais elementares dos povos indígenas que, salvo exceções, entre elas Bolívia, Equador, Venezuela e Nicarágua, ainda não foram restituídos no resto de nosso continente, chamado Abya Yala pelos seus povos originários.

Daí a importância da chamada do papa Francisco para pedir perdão por tantos crimes que, naturalmente, não deve permanecer na opção semântica da palavra, e sim transformar-se em políticas de Estado encaminhadas a resolver os graves problemas de saúde, educação, moradia e outros serviços, que são crônicos entre os indígenas, os mais pobres entre os pobres.

É preciso, também, restituir e respeitar seus territórios, não só no aspecto físico, onde estiveram ou estão assentadas suas comunidades, mas também os solos, a flora e a fauna, as tradições e os conhecimentos, os costumes, e a cosmovisão ancestral.

As palavras do Santo Padre trazem à mente aquelas palavras de José Marti, admonitoras e proféticas: Não se vê que o mesmo golpe que paralisou o índio, paralisou América? Até que não se faça andar o índio, não começará a andar direito a América.

 



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