O governo da Argentina sacrifica os mais pobres

Editado por Yusvel Ibáñes Salas
2016-03-16 11:39:40

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Dez por cento dos mais pobres na Argentina perderam, nos últimos meses, um quarto de seu poder aquisitivo, o que significa um duro golpe para sua qualidade de vida e a realização de seus direitos econômicos, segundo revela pesquisa feita pelo Centro de Inovação dos trabalhadores.

As causas fundamentais são o súbito aumento da inflação, que, no final de fevereiro, era de 35 por cento e que em outubro deste ano vai disparar para 55 por cento, revela um estudo.

A subida desmesurada das tarifas dos serviços básicos, como a eletricidade e o gás doméstico, assim como a eliminação dos subsídios governamentais nestes itens, golpearam os lares pobres, enquanto os mais ricos mal sentiram seu efeito.

O aumento do custo de vida afeta a sociedade de maneira assimétrica. As famílias mais abastadas têm um padrão de consumo mais vasto, que compreende a aquisição de bens duráveis, viagens, lazer e outros serviços pessoais.

Já nos lares de rendas menores os gastos se concentram em alimentos, transporte, aluguéis e serviços públicos como a luz, cujos preços sofreram maiores aumentos, assinala pesquisa dirigida pelo economista Demian Panigo.

O programa econômico aplicado pelo governo de Maurício Macri vai produzir o aumento dos preços que levará a inflação a 55 por cento no mês de outubro de 2015, muito superior aos 25 por cento previstos pelo ministro da Economia Alfonso Prat-Gay, diz o texto.

A situação será ainda mais grave se Macri insistir no plano de aumentar ostensivamente a dívida externa para pagar os fundos butre, uma exigência que o governo da ex-presidente Cristina de Kirchner tinha descartado por julgá-la lesiva aos interesses nacionais.

O próprio deputado da governamental Alianza Cambiemos, Eduardo Amadeo, admitiu: pagar os fundos especulativos que compraram a dívida argentina por preços ínfimos e agora exigem seu pagamento em 100 por cento mais os juros, endividará o país durante os próximos 30 anos.

Macri acenou com novos ajustes, isto é, mais demissões e rebaixa de vencimentos no setor público, redução do gasto, privatizações e outras políticas desse tipo, como alternativa para que possa pagar o que prometeu aos butres, uma iniciativa que depois do Congresso deve ir ao Senado, onde a agora opositora Frente para a Vitória tem maioria.

Mesmo sem as novas medidas, já se anunciam novos aumentos em serviços regulados como transporte, telefonia celular e gás que, como sempre, vão impactar de maneira negativa nos mais necessitados que estão sofrendo na pele a tão badalada mudança que Macri prometeu aos argentinos que votaram nele.



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