Soluções necessárias para as crianças colombianas afetadas pela guerra

Editado por Yusvel Ibáñes Salas
2016-05-23 12:03:11

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Uma das mais recentes e alentadoras notícias do processo de paz na Colômbia foi o acordo que pactuaram o governo e o principal grupo insurgente desse país para a saída dos menores de 15 anos dos acampamentos guerrilheiros e a abordagem de uma estratégia para desmobilizar os que não alcançaram a maioridade.

Sem dúvida, é um grande passo na direção da paz e, também, para a proteção de um dos segmentos mais vulneráveis no caso de confrontos armados.

A imprensa da direita, porém, aproveitou a ocasião para lançar intensa campanha contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo, conhecidas pelas siglas FARC-EP, acusando-as de violar normas humanitárias internacionais e praticar o recrutamento indiscriminado de menores.

De fato, é triste uma criança ser obrigada carregar nas mãos uma arma, em lugar de um livro ou um caderno para se educar, porém se quisermos ser sérios, não podemos deixar de nos perguntar: que país e que sistema é esse que as levou até lá.

Muitas dessas crianças tiveram de ir à guerrilheira para salvar suas vidas, para se vestir, calçar, alimentar-se e receber uma educação elementar, coisas que em seus vilarejos, aldeias, a miséria lhes negou, como tinha feito anteriormente com seus pais e o faria depois com seus filhos.

Os que criticam as FARC ocultam, ou ignoram, elementos da dura realidade da infância colombiana.

O exército governamental, por exemplo, incorporou às suas fileiras nas últimas duas décadas mais de 19 mil adolescentes de 17 anos. Só em 2015 o número foi de 2.986, que não serão beneficiados pelo acordo anteriormente mencionado.

Não se sabe quantos foram recrutados pelos bandos paramilitares e estão sendo controlados por eles, nem o número exato dos que trabalham para o crime organizado, especialmente para o narcotráfico, que os utiliza como vigias ou para transportar doses pequenas ou médias de drogas.

Informações da Defensoria do Povo revelam que dos mais de oito milhões oficialmente reconhecidos como vítimas do longo conflito armado interno, pelo menos um milhão e meio são menores de idade e uns 493 mil estão na faixa de 0 a cinco anos.

Seria bom fazer um censo das crianças indígenas e camponesas deslocadas juntamente com seus pais quando os latifundiários usurpam suas terras, um fenômeno comum na Colômbia.

Nenhuma delas vai receber atendimento médico, educação e moradia, previstos para os que deixarão os acampamentos das FARC. Para esses outros menores abandonados pelo Estado colombiano, continuará se aplicando aquela frase amarga de Mário Benedetti: a infância nem sempre é um paraíso perdido, às vezes é um inferno.

 

 



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