Resumo anual sobre América Central 2018

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2018-12-28 11:17:55

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América Central, também conhecida como Cintura de América devido à sua posição geográfica que liga os blocos norte e sul do continente, foi testemunha em 2018 de singulares acontecimentos políticos, econômicos e sociais e acabou atingida por eventos da natureza.

Talvez, a Nicarágua foi o teatro das ocorrências mais graves. Esse país exibia uma grande estabilidade, crescimento econômico e indicadores de segurança poucas vezes vistos em décadas atrás graças a uma política de bem-estar implementada pelo governo da Frente Sandinista liderado pelo presidente Daniel Ortega.

Os protestos começaram em 19 de abril contra uma reforma da previdência social que supostamente concedia benefícios aos empresários. Ao longo de vários dias, as ruas de Manágua, a capital, foram teatro de manifestações até o governo retirar a medida, no dia 22 daquele mesmo mês.

O cancelamento da medida, todavia, não baixou a temperatura dos protestos, pelo contrário, as marchas se radicalizaram e se espalharam por várias cidades do interior. Era evidente que não se tratava de um movimento focalizado na decisão do governo, era um complô para depor a Revolução Sandinista lançado nos EUA com o apoio dos meios de comunicação e a direita local e regional.

Os protestos acabaram virando atos violentos e não cessaram até o mês de outubro deixando 235 mortos, quase todos civis e simpatizantes do Sandinismo. Praticamente foi o mesmo roteiro que se aplica contra a Venezuela.

Calcula-se que a economia nicaragüense perdeu 1,3 bilhão de dólares por conta dos mencionados atos, assim o crescimento do Produto Interno Bruto previsto para 2018, embora tenha sido positivo, foi quatro pontos menor.

A Revolução Sandinista sobreviveu o complô, que foi seguido por retaliações tomadas pelo governo dos Estados Unidos para sabotar a economia nicaraguense e criar descontentamento da população.

Na vizinha Costa Rica, as eleições presidenciais foram o acontecimento mais importante em 2018; colocaram no poder Carlos Alvarado Quesada, que, no segundo turno, reverteu a diferença que tinha conseguido no primeiro turno o predicador evangélico Fabrício Alvarado.

A vice-presidência foi ocupada pela deputada Epsy Campbell Barr, a primeira mulher afrodescendente em preencher esse cargo na Costa Rica e em toda América Latina.

Já em El Salvador, a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional naufragou nas eleições legislativas e municipais ocorridas no mês de março de 2018: perdeu boa parte dos governos locais e ficou com minoria no Congresso, dominado por partidos conservadores, entre eles a Aliança Republicana Nacionalista – ARENA -.

Os resultados desses pleitos colocaram contra a parede a FMLN tendo em vista as eleições presidenciais de 2019, segundo as pesquisas seus candidatos não aparecem como favoritos.

Um acontecimento agradável em El Salvador (o pequeno polegar da América Central) foi a canonização de Dom Arnulfo Romero, incorporado ao santoral católico em 14 de outubro. Foi uma verdadeira festa popular e pôs fim a uma longa espera.

Honduras começou o ano com a ressaca da fraude nos pleitos presidenciais de 2017, ainda que os protestos diluíssem com o passar dos meses.

Inúmeros escândalos de corrupção desviaram a atenção pública, e aumentaram a violência e a pobreza, que deu lugar a um fenômeno novo: as caravanas de migrantes rumo aos Estados Unidos. Desde o mês de outubro passado o êxodo vem abalando o sistema político hondurenho.

Aderiram às caravanas cidadãos salvadorenhos e guatemaltecos que não suportam mais a difícil situação em que vivem colocando em tensão as relações entre estes países e o governo de Donald Trump, que ameaçou cortar qualquer tipo de ajuda se não resolverem a situação.

Os migrantes - que poderiam chegar a18 mil - entraram em território do México e boa parte continua estagnada na fronteira com os Estados Unidos, onde sobrevive graças à ajuda humanitária.

Guatemala foi atingida em 3 de junho pela violenta erupção do vulcão do Fogo, situado na porção central desse país. A tragédia provocou 300 mortos e milhares de pessoas tiveram de abandonar suas casas. O número exato de vítimas não se descobrirá jamais, isto porque muitas famílias foram sepultadas pela lava e o lodo. Sem possibilidades de recuperar os corpos, uma vasta zona foi declarada cemitério, diante da indignação dos familiares, que pediam mais esforço.

A tragédia colocou de relevo o elevado índice de pobreza em que vivem muitas pessoas, obrigadas pela falta de oportunidades a morar em lugares perigosos e a falta de vontade do governo para acabar com essa situação.

Outro acontecimento de destaque: a briga entre o governo guatemalteco presidido por Jimmy Morales e o magistrado colombiano Ivan Velásquez, chefe da Comissão Internacional contra a Impunidade na Guatemala, conhecida pela sigla CICIG. Morales aproveitou uma viagem de Velásquez a ONU para impedir sua volta ao país e ordenou o cancelamento dos vistos de 11 funcionários desse organismo que investiga casos de corrupção em que estariam envolvidos homens do presidente. A Corte de Constitucionalidade e a própria ONU condenaram as ações do presidente guatemalteco, mas este se nega sistematicamente a obedecer as resoluções, apoiado por um Congresso assinalado como um dos mais corruptos na história da nação.



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