Paseo del Prado

Editado por Irene Fait
2021-12-11 17:03:03

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Paseo del Prado o de Martí

Havana, a capital de Cuba, é uma bela e antiga cidade que guarda com zelo sua história. São famosos seus “passeios”, com largas calçadas arborizadas e espaço para veículos e pedestres, Destaque para o Paseo del Prado, tema de nossa crônica de hoje.

Foi construído em 1772, na época em que o país era colônia da Espanha, por ordens do Marquês de La Torre, então Capitão Geral da Ilha. O nome oficial foi Isabel II, mas era conhecido popularmente como Alameda de Extramuros, por estar além das grandes muralhas que rodeavam a cidade para sua defesa. Era o lugar escolhido pela elite da sociedade para passear de charrete ou carruagem. Ao pôr do sol, as senhoras da aristocracia exibiam suas joias, vestidos e perfumes trazidos da Europa.

Sob o governo de Miguel Tacón, ainda sob o regime colonial, desapareceram as muralhas e o passeio foi estendido até o litoral. Começava no outrora Campo de Marte, onde os soldados espanhóis faziam exercícios militares e paradas. Muito perto foram construídos o cárcere e o teatro batizado com o nome do governante.

Na segunda metade do século XIX foram erguidas grandes e luxuosas edificações neoclássicas, substituindo as mais antigas de estilo barroco e colonial. Em 1843 abriram suas portas o Café Escauriza e a sorveteria “El Louvre”, muito famosa pelas tertúlias literárias realizadas ali, que transformaram o lugar num centro de pensamento liberal e independentista.

Em 1902, no período da intervenção norte-americana, a alameda foi reconstruída e mudou de nome, assumindo o de Passeio de José Martí, em homenagem ao Herói Nacional e prócer da independência de Cuba. Porém, as pessoas continuaram chamando-a de “El Prado” por sua semelhança ao homônimo de Madri, a capital espanhola.

Com esta remodelação, vinculou-se ao Parque Central e ganhou uma área central arborizada bem definida para pedestres, e ruas a ambos os lados para o tráfego de veículos e estacionamento. No extremo sul, ficou a Praça da Fonte da Índia. Também, o Hotel Telégrafo, na esquina de Prado e San Miguel, que foi o primeiro em Havana com características hoteleiras modernas.

No século XX surgiram construções civis de uso social à beira do passeio, sociedades de lazer, hotéis, cinemas e importantes mansões com estilo eclético que respondia ao desejo dos donos e tratava de imitar modas arquitetônicas de Madri, Paris e Viena. Ao mesmo tempo, foram restaurados os bancos, a iluminação e a área arborizada. Cabe destacar que o Prado foi a primeira rua asfaltada da capital cubana, um verdadeiro sucesso na época, incorporando o automóvel à paisagem urbana.

Em 1928, durante o governo de Gerardo Machado, o lugar foi incluído na lista de obras públicas. O arquiteto e paisagista francês Jean-Claude Forestier foi designado para redesenhar o passeio e convertê-lo na mais importante e moderna via de Havana e da América Latina naqueles tempos. Novas árvores foram plantadas e bancos de mármore substituíram os antigos que eram de ferro e madeira.

Velhos canhões que até o século XIX defenderam a cidade dos ataques de corsários e piratas foram fundidos para fazer as esculturas dos oito leões de bronze que ainda permanecem ali, que se tornaram um dos símbolos da capital de Cuba.

Importante centro da vida social, a alameda foi imortalizada num famoso cha-cha-cha, famoso ritmo musical cubano, que conta a história de uma moça que caminhava pelo calçadão despertando a paixão dos pedestres que conversavam à sombra das grandes árvores.

A partir de 1950, a maior parte das famílias ricas da cidade foi se afastando dessa área para morar em bairros mais modernos. Aos poucos, o centro urbano e social passou para o Vedado e Miramar, que ficavam à oeste, e o Prado perdeu muito de suas virtudes e atrativos.

Em 1982, a parte mais antiga da cidade, conhecida como Havana Velha, foi tombada Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Renasceram hotéis, restaurantes e bares com a chegada de turistas nacionais e estrangeiros, e a antiga alameda recuperou seu esplendor.

Hoje, é cenário de exposições e venda de obras de arte, e de atividades culturais. Novamente, a população caminha por suas calçadas e pelo eixo central conversando e curtindo a sombra de suas árvores, sob o olhar dos leões do Prado.

 



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