Museu Casa Natal de José Martí

Editado por Irene Fait
2022-01-28 09:45:48

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Museu Casa Natal de José Martí, desde janeiro de 2021, conta uma exposição monográfica permanente. Foto: Radio Rebelde.

O museu Casa Natal de José Martí, onde nasceu o Herói Nacional de Cuba, é o mais antigo de Havana, a capital. Lá se conserva a maior parte dos objetos que usou durante sua vida.

Conhecida popularmente como a “Casinha de Martí”, a modesta construção de paredes amarelas com portas e janelas azuis está situada na rua Leonor Pérez (nome da mãe do prócer) número 314, outrora Avenida Paula, na Havana Velha. Fica muito perto da igreja do mesmo nome na rua onde se encontra a Estação Central Ferroviária.

O imóvel foi erguido no começo do século XIX, e está localizado a poucos metros da antiga muralha que protegia a cidade dos ataques de corsários e piratas. É um exemplo típico das moradias populares da época, com paredes de argamassa e teto de telhas espanholas.

Ali nasceu José Julián Martí y Pérez em 28 de janeiro de 1853, filho de Don Mariano Martí e Dona Leonor Pérez. Quando a família mudou de residência em 1856, a casa teve vários proprietários até ser comprada, em 1900, pela Associação de Senhoras e Cavalheiros por Martí para entregá-la a Dona Leonor, que morou nela uns cinco anos.

O lugar foi declarado Monumento Nacional em 1949 pela então Comissão Nacional de Etnologia e Monumentos. Em 1953, ano do centenário do nascimento de Martí, o museu foi alvo de uma reparação geral graças à ação de seguidores do seu pensamento, que exigiram do governo um orçamento para exibir as coleções e a biblioteca, que estavam caindo no esquecimento.

Após a vitória da Revolução encabeçada por Fidel Castro, fiel seguidor da obra martiana, o lugar assumiu uma dimensão social diferente. Em quatro de junho de 1959, o Conselho de Ministros decidiu por lei criar a Junta de Patronos do Museu José Martí. O primeiro projeto de restauração foi dirigido pelo Conselho Nacional de Cultura e sua então diretora, Vicentina Acuña.

Em 28 de janeiro de 1963, em meio às celebrações nacionais pelo aniversário 110 do nascimento do Herói Nacional, foi reaberto o museu com a presença do corpo diplomático credenciado no país, dirigentes do Conselho Nacional de Cultura e estudantes.

A partir dessa data, o Estado cubano assumiu a tarefa de manter viva a memória de Martí na casa onde nasceu. O lugar deixou de ser um simples depósito de vitrines e objetos que não permitiam a compreensão certa do seu legado.

O imóvel tem sete salas de exposição, nas quais podem-se ver, em ordem cronológica, objetos, livros e manuscritos que ilustram aspectos fundamentais de sua vida e obra, desde seu nascimento em 28 de janeiro de 1853, até sua morte em combate pela independência de Cuba em 19 de maio de 1895.

A primeira exibe objetos da infância, adolescência e juventude até 1870, data em que foi deportado pela primeira vez à metrópole espanhola, com apenas 18 anos de idade, por suas ideias em favor da independência.

Na segunda encontramos o que está relacionado com o período em que esteve na Espanha deportado até 1874. Também, as peças ligadas à sua viagem ao México, onde morou até 1877, e onde se casou com Carmen Zayas-Bazán, além de sua breve estada na Guatemala.

O período de 1878 a 1879 se pode apreciar na terceira sala. Aparentemente curto, é a época do seu retorno à pátria e sua atividade de conspiração contra o poder colonial espanhol. Nesse interim nasceu seu único filho, José Francisco Martí. Conclui com a segunda deportação à metrópole em 1879.

Outro espaço abrange 10 anos e espelha seu exílio nos EUA, onde realizou um trabalho diplomático intenso como cônsul do Uruguai, Argentina e Paraguai. Os três países tinham conquistado sua independência e o honraram com esse cargo, do qual abriu mão em 1891 para dedicar-se à organização da última etapa da guerra de independência de Cuba.

Os cômodos cinco e seis são dedicados a seu trabalho diplomático em Nova Iorque e à fundação e consolidação do Partido Revolucionário Cubano, ao qual aderiram os independentistas que, em Cuba e no exílio, preparavam a retomada das ações armadas. A organização foi instrumento de união de todos os patriotas que almejavam a libertação do domínio colonial.

A sétima e última sala espelha a atividade de Martí em Montecristi, na República Dominicana, sua partida desde o Haiti e a chegada a Cuba, até sua morte no combate de Dos Ríos em 19 de maio de 1895.

Além de seu papel na luta pela emancipação do país, José Martí promoveu a unidade da América Latina ante o poderio crescente dos EUA, nação que conheceu muito bem e que considerava uma ameaça potencial para as novas repúblicas do continente.

Entre 1880 e 1890 se tornou conhecido na região através dos artigos e crônicas que enviava periodicamente de Nova Iorque a importantes jornais como “La Opinión Nacional”, editado em Caracas, Venezuela, “La Nación”, de Buenos Aires, Argentina, e “El Partido Liberal”, do México. Nessa cidade estadunidense trabalhou para a editora Appleton como tradutor e editor.

Martí é considerado o precursor do Modernismo na literatura latino-americana, movimento literário que se afastou dos cânones poéticos da época e defendeu a originalidade da poesia nascida do coração. Sua obra literária abrange a poesia, romance, ensaio, relatos curtos e obras de teatro, filosofia e literatura infantil. Destacou-se também no jornalismo.

O museu Casa Natal de José Martí é um valioso centro patrimonial que recebe uma média de 60 mil visitantes por ano. Não existe um lugar melhor para compreender a admiração e o carinho que todos os cubanos sentem por esse homem excepcional, modelador da nacionalidade.

No museu se realizam atividades culturais que envolvem a comunidade onde se encontra, e as portas de sua pequena, porém valiosa biblioteca, estão abertas para todos. As visitas fazem parte do programa de estudos das escolas próximas, porque o pensamento e obra deste grande patriota devem ser guia para todos os cidadãos.

 



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