Porto Rico é uma nação com identidade própria e pertence, sem dúvida, ao amplo leque de países que fazem parte da América Latina e o Caribe. Por isso, sua ausência na CELAC, Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, é um assunto que preocupa ao mecanismo de integração.

A Venezuela propôs a incorporação desse país, hoje sob status neocolonial dependente dos EUA. Porto Rico se mantém como estado livre associado, o que viola o direito do seu povo à independência e autodeterminação. A iniciativa das autoridades venezuelanas é justa e espelha o sentimento dos povos da região que, pela primeira vez na história, trabalham unidos sem a tutela de ninguém para resolver seus problemas comuns.

O tema será levado à Cúpula da CELAC, a dar início no dia 28 deste mês em Havana, na qual Cuba entregará à Costa Rica a presidência pro tempore do grupo. Na cúpula anterior, em janeiro de 2013 em Santiago do Chile, destacou-se o caráter latino-americano e caribenho de Porto Rico, uma das poucas colônias ainda existentes no mundo.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que essa é uma questão pendente relacionada com a independência e dignidade da Nossa América. Por isso, embora não como delegação oficial, dirigentes de organizações políticas porto-riquenhas decidiram viajar à Havana durante a Cúpula.

Cabe recordar que as autoridades cubanas sempre foram fiéis defensoras do direito desse povo de ser livre e independente. O presidente Raúl Castro falou que “nossa comunidade estará incompleta enquanto faltar a cadeira de Porto Rico, irmã genuinamente latino-americana e caribenha que sofre uma situação colonial”.

Hector Pesquera, presidente do Movimento Independentista Nacional Hostosiano, compartilha essa ideia. Disse que a admissão na CELAC permitiria a Porto Rico se livrar dos grilhões coloniais e se transformar numa República. O país esteve quatro séculos sob o domínio colonial da Espanha, e há mais de cem anos sob o dos EUA, que mergulhou seu povo na miséria, fome, ignorância e outros males sociais.

Para avançar na integração regional é preciso dar entrada a Porto Rico na CELAC, um foro que promove a solidariedade, cooperação, complementação e acordos políticos como princípios das relações entre todos os países desta área.

O capítulo venezuelano do Parlamento Latino-americano expressou seu respaldo à iniciativa do presidente da Venezuela e exortou os congressos da região a aderirem à batalha para somar Porto Rico à CELAC, que hoje tem 33 membros.

A América Latina tem o dever ético e político de apoiar as lutas do povo porto-riquenho por suas reivindicações e contra o colonialismo, uma nação cujos filhos derramaram seu sangue pela independência de outros povos irmãos no século 19.

(M.J. Arce, 20 de janeiro)