No pacote de medidas que o presidente dos EUA Donald Trump tinha anunciado para deter o fluxo de indocumentados há uma diretriz que ataca as denominadas cidades santuário, ameaçando-as de não receber dinheiro federal se insistirem nas políticas de apoio aos que não possuem documentos para residir legalmente nas mesmas.
A palavra “santuário” se aplica a instituições, cidades, condados e inclusive a estados que apliquem medidas para limitar a cooperação com as autoridades federais de imigração e ofereçam serviços básicos como educação, assessoramento legal e fontes de emprego.
Não é uma denominação legal e as fórmulas para sua aplicação variam de um lugar para outro, mas o denominador comum é proteger os indocumentados na medida em que for possível.
Às vezes, aderem estabelecimentos privados, como ocorre em Nova York, onde dezenas de restaurantes se declararam “santuários” e oferecem emprego aos que se encontram em situação ilegal.
Até onde se sabe, estas práticas começaram a ser aplicadas na década de 1980, quando as autoridades da cidade de Los Angeles pediram à polícia que deixasse de interrogar pessoas só para determinar sua situação migratória.
Em 1989, São Francisco aprovou decreto que proibia o uso do dinheiro da cidade para apoiar leis federais de imigração.
Se com o assunto do muro o presidente Trump criou um problema com o México, agora com as restrições de dinheiro federal aos santuários corre o risco de criar uma frente interna de incalculáveis consequências, porquanto entre as mais de 100 cidades atingidas aparecem algumas das principais do país: Nova York, Chicago, Boston, Houston, São Francisco, Los Angeles, Denver, Seattle, San Diego, Washington DC e Austin.
As reações não se fizeram esperar e o prefeito de Chicago, Rahm Emanuel, disse que continuarão fazendo o que sempre fizeram. “Entre nós não há estranhos, damos as boas-vindas às pessoas”, afirmou.
A polícia de Los Angeles assinalou que apoiar as políticas anti-imigração do presidente Trump “não é nosso trabalho”, Em termos similares falou Bill de Blasio, prefeito de Nova York, que ofereceu apoio às famílias trabalhadoras independentemente de sua condição migratória.
Em muitos casos, os problemas vão acabar em litígios legais de média e longa duração e as coisas não serão tão fáceis quanto Trump se imagina.
Um mau começo para um presidente que desde suas primeiras decisões está criando divisões e conflitos entre o governo federal e várias cidades e estados, justamente no país que prometeu unir para retomar o que ele acha que é sua grandeza passada.