Faltando menos de 80 dias para o primeiro turno das eleições presidenciais e legislativas na França, numerosos escândalos e outros acontecimentos estão provocando ambiente tenso e modificam as projeções das intenções de voto.
François Fillon, vencedor nas primárias do partido conservador Os Republicanos e há algumas semanas favorito para passar ao segundo turno, a realizar-se em maio, sofreu repentina queda nas preferências dos eleitores, quando estes souberam que ele teria favorecido mulher e filhos com contratos fantasmas na Assembleia Nacional em seus tempos de deputado.
Fillon foi primeiro-ministro durante o governo de Nicolás Sarkozy, de 2007 a 2012, e sua figura cresceu tanto que deixou para trás o próprio ex-Chefe de Estado e o antigo ministro de Assuntos Exteriores, Alain Juppé.
Porém, sua estrela se opacou quando se publicaram denúncias de que sua mulher, Penélope Fillo, recebeu 600 mil euros por vários contratos na Assembleia Nacional, mas o trabalho que supostamente teria feito não deixou rastos.
Além disso, os dois filhos do candidato teriam sido contratados como assessores, quando ainda eram estudantes.
As coisas se complicaram mais para Os Republicanos ao vazar que Sarkozy, fundador desse partido, foi enviado aos tribunais por financiamento ilegal de sua campanha em 2012, quando foi derrotado por François Hollande.
A denúncia de que o partido do ex-presidente falsificou faturas para encobrir que tinha violado o teto de gastos na contenda eleitoral cinco anos atrás foi apresentada em 2014, mas só agora o tribunal decidiu que Sarkozy deve ser julgado. O caso poderia custar um ano de cadeia.
Neste contexto, surgiram desordens na periferia de Paris: um jovem negro foi detido por um policial durante controle antidrogas, maltratado e violado com um objeto contundente. Foi preciso levá-lo às pressas a um hospital e operá-lo.
Para amaciar os protestos, o presidente Hollande visitou a vítima e seus familiares no hospital e o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, prometeu castigo severo aos policiais se a ação for comprovada.
Nesse ínterim, Marine Le Pen, da ultra direita Frente Nacional subiu nas pesquisas e é clara favorita para ganhar no primeiro turno, que acontecerá em 23 de abril.
No segundo lugar se colocaria o ex-ministro de Economia e ex-membro do Partido Socialista, Enmanuel Macrón, que deixou o governo de Hollande para formar seu próprio partido EM MARCHA, com perfil de centro direita, mais próximos dos Republicanos que dos Socialistas.
A grande pergunta é o que farão as outras forças políticas francesas de esquerda, centro e direita num hipotético segundo turno entre Le Pen e Macron. Haverá suficiente bom senso para evitar um governo de extrema direita, que propõe programa nacionalista, xenófobo e anti-europeu?