Por Guillermo Alvarado
Informações de organizações especializadas em meio ambiente revelam que o último dois de agosto foi o Dia da Sobrecarga da Terra, ou seja, o momento em que a humanidade acabou de consumir todos os recursos que o planeta é capaz de produzir ou regenerar num ano, neste caso 2017.
Desde hoje estamos vivendo de empréstimos, porque em apenas sete meses e dois dias comemos, esbanjamos ou jogamos fora o que correspondia a um ano, de acordo com a capacidade da natureza de abastecer-nos, ou de absorver e regenerar os detritos, especialmente o perigoso dióxido de carbono.
Os mencionados cálculos começaram a se realizar em 1987 por iniciativa do grupo Global Footprint Network, que advertiu: a relação global entre consumo e recursos estava entrando em perigoso desequilíbrio.
O ser humano tala mais árvores do que é capaz de replantar; pesca mais do que os oceanos e os mares conseguem reproduzir, estende as áreas urbanas e de cultivos para além do possível, consome mais água da disponível e, principalmente, polui mais do que a natureza pode reciclar.
Para chamar a atenção sobre os riscos que esta atitude implica, começou-se a calcular todos os anos as disponibilidades, e os resultados foram aterradores. Em 1987, o dia da sobrecarga da Terra ocorreu em 19 de dezembro; em 1995, em 21 de novembro,; uma década mais tarde, em 2005, foi em 30 de outubro; em 2010, foi em 21 de agosto e neste ano acontece em dois de agosto.
Este excesso de consumo do jeito que vai implica que a humanidade necessitaria um planeta e meio e para 2050 precisaria de dois planetas similares ao atual.
Estamos falando numa tese, porque as capacidades e os recursos são limitados, não podem crescer para além de um ponto determinado e já estamos vivendo algumas das consequências, entre elas a mudança climática.
O que nos aguarda é mais dramático: esgotamento dos recursos pesqueiros, o colapso das florestas, a redução da água, dos alimentos e combustíveis que são causas de conflitos e guerras, como vem acontecendo no Oriente Médio.
Ninguém pode duvidar de que a ânsia dos EUA de destruir a Revolução Bolivariana da Venezuela nada tem a ver com questões ideológicas ou políticas, e sim com as enormes reservas de petróleo em seu subsolo.
Hoje em dia, a voracidade de ocidente sobre certas regiões do planeta tem a cor do petróleo, mas isto mudará rapidamente e será incolor como a água, que se esgota rapidamente.
Neste desenfreado modelo de consumo a distribuição também é desigual. As estimativas indicam que para satisfazer as necessidades de um ser humano, este dispõe do equivalente a18 hectares globais. Isto se chama “marca ecológica”. Nos países desenvolvidos, este indicador de consumo geralmente é de 10 ou 12 hectares por pessoa, já no Haiti, por exemplo, só alcança 0,68 e no Afeganistão 0,62 hectares.
Os especialistas assinalam que ainda estamos em tempo de reverter o prejuízo causado ao planeta, com a vontade política dos países grandes consumidores, dos mais ricos. O problema é que não se olha para os lados. Assim, todos vão pagar as consequências e os mais pobres, como de costume, são os primeiros.