Os grandes meios de imprensa ocidentais, especialmente os europeus, continuam dando destaque aos atentados cometidos em dias recentes nas cidades espanholas de Barcelona e Cambrils, na Catalunha, e a outros ataques perpetrados na Finlândia, Alemanha e Rússia.
Em Barcelona, morreram 15 pessoas atropeladas por um van que atacou turistas no famoso passeio La Rambla. Cinquenta pessoas continuam hospitalizadas e nove delas estão em estado crítico.
Quase todos coincidem em que a ação correu por conta de uma célula extremista que levava tempo planejando o ato terrorista, à espera da oportunidade ou da ordem de cometer o ato criminoso que espalhou o terror entre a população local.
É similar ao ocorrido em Paris, em novembro de 2015, quando se produziram, ao mesmo tempo, ataques contra o estádio de futebol Saint Dennis, vários restaurantes e uma discoteca, ainda que o método utilizado é parecido com o perpetrado em 14 de julho de 2016, em Nice, quando um caminhão atropelou a multidão que comemorava a festa nacional francesa.
De qualquer modo, estamos falando em grupos que permaneceram nas sombras talvez durante anos, o que torna difícil descobrir quando vão se ativar e onde darão o golpe, quase sempre dirigido contra civis indefesos e inocentes.
O que chama a atenção é que nenhum desses meio analisa as causas que produziram estas células terroristas. Praticamente não se fala na origem deste fenômeno que enluta muitas pessoas em qualquer lugar do mundo, e menos ainda dos verdadeiros responsáveis de tanto desatino.
Dizem que a sociedade tem de se acostumar a viver com este flagelo, mas se silencia a razão desta situação.
As raízes do terrorismo atual estão na decisão norte-americana de atacar e ocupar o Iraque em 2003, o que levou à queda do governo de Saddam Hussein desarticulando as instituições públicas, a polícia inclusive, e criou um vazio de poder que os grupos radicalizados aproveitaram rapidamente.
Assim surgiu o Estado Islâmico, que substituiu Al Qaeda em toda a região da Mesopotâmia, e protagonizou fulgurante crescimento com poder militar e financeiro de origem não tão desconhecido.
As potências ocidentais não conseguiram compreender essa força que tinham colocado em funcionamento e cometeram, depois, os mesmos erros na Líbia e na Síria.
Também não mediram o perigo de que milhares de jovens europeus, até 2.500 segundo o centro de combate ao terrorismo, se unissem aos extremistas. Deles de 15 a 20 por cento morreram, a metade ainda combate e perto de 30 por cento voltaram a seus países, porém mantêm seus vínculos e recebem ordens do EI.
São centenas de bombas de relógio plantadas pela cobiça das potências ocidentais, que ignoraram que na política também funciona a lei de Newton que diz que toda ação, sempre tem uma reação. (Guillermo Alvarado)