No próximo domingo haverá eleições legislativas na Alemanha, a economia mais poderosa da União Europeia. A atual Chanceler alemã Ângela Merkel não corre nenhum risco de perder, porquanto não tem rival capaz de tirá-la do caminho, rumo a seu quarto mandato consecutivo.
Segundo as pesquisas, nas intenções de voto, o partido de Merkel, a União Cristão Democrata - CDU por suas siglas em alemão - alcançará de 36 a 37 por cento dos votos, bem longe de seu rival mais próximo, Martin Schutz, do Partido Social Democrata SPD ao que prognosticam de 20 a 24 por cento.
Em meados de setembro do ano passado se prognosticavam pleitos muito disputados devido à baixa popularidade de Merkel, criticada então pelo seu próprio partido por ter aberto o país aos imigrantes quando a União Europeia fazia o contrário e tratava de espantá-los de suas fronteiras.
Esta percepção se fortaleceu em janeiro, quando Schultz foi indicado candidato pelos social democratas e chegou a conquistar 30 por cento de simpatias, algo inédito nos últimos anos.
Contudo, o ex-presidente do Parlamento Europeu, embora tenha criticado as reformas trabalhistas, o aumento do desemprego e as desigualdades provocadas pelo governo democrata cristão, não soube articular uma proposta diferente para seu país e seu encanto foi esvaindo aos poucos, até ficar sem possibilidades de alcançar uma vitória.
Merkel aproveitou bem a perplexidade causada pelas torpezas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e apareceu como a figura capaz de enfrentá-lo para proteger os interesses europeus e, especialmente, os alemães. Neste contexto, muitos veem como indispensável sua presença no governo alemão para o equilíbrio na comunidade internacional colocado em risco pelo chefe da Casa Branca.
Ganhou simpatizantes, também, com sua posição inflexível ante iniciativas como dividir os riscos do endividamento público no bloco europeu, ou os prejuízos provocados pelo volumoso déficit fiscal de alguns parceiros.
Assim, para os pleitos de domingo só precisam ser clarificadas algumas dúvidas e nenhuma delas tem a ver com quem vai dirigir o governo nos próximos anos.
A primeira questão é saber qual será a coalizão que Merkel vai buscar para formar o executivo. Poucos se atrevem a pensar que vai governar sozinha, portanto há expectativas para conhecer sua política de alianças, que dependerá, naturalmente, dos resultados que obtiverem os principais partidos, entre eles o Social Cristão da Baviera – seus atuais aliados -, os liberais e os verdes.
A outra coisa que não se sabe é quão grande será a derrota de Schultz e dos social democratas e, finalmente, quanto vão avançar no Congresso Federal os da extrema direita congregados na Frente pela Alemanha. Quanto ao partido de esquerda Die Linke provavelmente receberá apenas oito por cento dos votos.
Merkel continuará sendo a mulher mais poderosa do mundo nos próximos quatro anos, o que parece tranquilizar seus parceiros europeus que querem consolidar um projeto que poderia ter nascido para mais coisas das obtidas até agora.(Guillermo Alvarado)