Os enormes prejuízos provocados em Porto Rico pelo destrutivo furacão Maria se convertem numa perigosa farda para a população local, mergulhada há meses na falência devido às políticas coloniais dos Estados Unidos, que se nega a financiar a volumosa dívida pública.
Estimativas assinalam que os prejuízos causados pelo furacão poderiam montar em 30 bilhões de dólares, ou mais. Estamos falando em uma soma que não pode despender um governo cuja dívida é da ordem de uns 75 bilhões de dólares, muito superior à sua capacidade para enfrentar suas obrigações e impelido a se declarar em falência com seus credores, diante do olhar impassível de Washington que não mexeu um dedo para aliviar essa carga. Ao contrário, apressou-se a potenciar a condição colonial de Porto Rico por meio de uma lei, chamada “ promessa” por suas siglas em inglês.
A lei estipula a criação de uma junta interventora para garantir o pagamento dos créditos, vendendo propriedades públicas, bens nacionais, recursos naturais e qualquer outro tipo de riqueza.
Ou seja, quando Maria se abateu sobre Porto Rico na quarta-feira da semana passada, com ventos destrutivos de 249 quilômetros por hora, lá já havia um desastre econômico, social e político de grande magnitude, que não fez outra coisa senão aumentar com a força do vento, da chuva e do mar.
Não existem recursos para enfrentar os prejuízos, que podem representar 10% do Produto Interno Bruto, ou seja, outro desastre.
À medida que vão aparecendo as informações da situação, outras más notícias se vão juntando, por exemplo, nos impiedosos mercados da bolsa os bônus da dívida de Porto Rico caíram a 48,6 centavos por dólar. Em outras palavras, se alguém tinha 100 dólares da dívida, agora só valem 48, 60 dólares, sendo assim os proprietários começaram a vender o mais rapidamente possível para aliviar seus prejuízos.
Isto afasta a possibilidade de que a população possa saldar suas dívidas que ora são impossíveis de pagar moral e fisicamente.
Os especialistas também prognosticam que os efeitos do furacão e da crise provocarão um êxodo de porto-riquenhos aos Estados Unidos. Desde 2008, mais de 400 mil pessoas saíram da ilha devido à decadência da economia, o que formou um círculo vicioso, porquanto ao diminuir a mão de obra, o PIB despenca.
Parece um beco sem saída, mas esta percepção engana. Em verdade, há uma saída que numerosos patriotas vêm buscando há décadas. É acabar com a fantasia do “Estado livre associado”, conquistar a independência e a soberania e que os Estados Unidos paguem justa compensação pelos longos anos de colonização, exploração dos recursos naturais, poluição de seu território, como aconteceu em Vieques. Com a liberdade e esses recursos, Porto Rico pode reconstruir o país e dar uma vida melhor para seus filhos. Esta é a verdadeira solução.(Guillermo Alvarado)