Em 24 de outubro de 1945, há 72 anos, entrou em vigor a Carta da Organização das Nações Unidas, acontecimento transcendental na história da humanidade: tinha sido fundada uma instituição mundial com o mandado de zelar pela paz, a solução de conflitos entre os povos e países pela via pacífica e a renúncia ao uso, ou ameaça do uso da força.
O planeta emergia com o trauma da Segunda Guerra Mundial, onde se cometeram todos os horrores de que nossa espécie é capaz, como o uso de sofisticadas máquinas para matar, a concentração, a tortura e o extermínio de grandes massas humanas e quando, pela primeira vez, se desencadeou a fúria atômica, que exterminou em poucos segundos centenas de milhares de habitantes das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki e que ainda hoje provoca mortes e doenças.
Não foi à toa que na Carta de Fundação da ONU exorta-se a praticar a tolerância e a vida pacífica, promover a união e aproveitar os mecanismos internacionais para gerar o desenvolvimento socieconômico de todos os povos, grandes e pequenos.
Infelizmente, os desequilíbrios deixados pela conflagração, a maior do planeta, também se refletiram na criação deste organismo, que nasceu viciado, com imperfeições, como podemos apreciar em seu Conselho de Segurança, principal instância para garantir nossa sobrevivência, evitar as guerras e fomentar o entendimento.
Estes objetivos foram truncados por uma composição antidemocrática no Conselho, onde as cinco potências que se proclamaram vencedoras da guerra: Estados Unidos, França, Reino Unido, China e a então União Soviética, impuseram sua presença permanente e se atribuíram o direito de veto.
Segundo o atual secretário geral da ONU Antonio Guterres, se vivemos num mundo cheio de conflitos, iniquidade, intolerância, problemas climáticos, o perigo das armas nucleares e outros desafios, a máxima organização internacional deve ter a capacidade para se transformar e encontrar os instrumentos necessários para superar esses problemas.
Não é possível que numa comunidade de 193 nações, um punhado de potências possa impor suas decisões ao mundo e ocupar assentos inamovíveis no Conselho de Segurança. É preciso uma distribuição heterogênea que represente melhor a diversidade de países e povos que existem hoje em dia.
A primeira resolução da ONU pretendia conter o desenvolvimento de armas nucleares, porém, hoje, estamos à beira de uma hecatombe nuclear devido à irresponsabilidade do presidente de uma dessas potências. Estamos falando de Donald Trump, o imprevisível presidente dos Estados Unidos.
É preciso redimir já a África da miséria e do atraso, resolver os problemas no Oriente Médio, entre eles a independência e a soberania do Estado Palestino, eliminar os focos de colonialismo persistentes, por exemplo o de Porto Rico e acima de tudo garantir que todos tenhamos a oportunidade de sobreviver para resolver o que faz falta e existir em harmonia, sem sobressaltos calando os tambores da guerra, o som mais persistente ao longo da história da humanidade. (Guillermo Alvarado)