Por Maria Josefina Arce
Todos sabem das relações de amizade e solidariedade entre Cuba e África, de onde foram trazidos, nos tempos da colônia, muitos de seus habitantes como escravos para trabalharem nas plantações cubanas e que com seus costumes e idiossincrasia foram formando aos poucos a nacionalidade deste país.
Várias nações africanas receberam a ajuda incondicional de Cuba, que se sente em dívida com esse continente que muito contribuiu para a história e a cultura nacionais.
Relações especiais têm os cubanos com Angola, em cujo território se misturou o sangue de ambos os povos na luta pela independência do país africano, que, ao longo de décadas, também foi depositário da solidariedade cubana nas áreas de saúde e educação.
A cooperação na área de educação data de 1978 quando 732 jovens viajaram a Angola para apoiar a educação local. Este seria o primeiro contingente do Destacamento Pedagógico Internacional Ernesto Che Guevara que deixaria profundas marcas.
Durante oito anos letivos, cinco contingentes, formados, ao todo, por 2026 estudantes cubanos de Pedagogia, dos quais 59 por cento eram mulheres, estiveram trabalhando em Angola.
Espalhados pelas províncias e regiões de Angola, os cubanos tinham o compromisso de manter elevado o exemplo dos internacionalistas especialmente do Guerrilheiro Heroico Ernesto Che Guevara.
Os jovens cubanos ensinaram dezenas de milhares de educandos até a 9a série, que seria a base para o desenvolvimento posterior dessa nação, onde 85 por cento da população eram analfabetos em 1976.
O Contingente Internacional Ernesto Che Guevara iniciaria uma frutífera cooperação na área educacional entre os dois países viabilizando pela primeira vez no continente africano uma Campanha Nacional de Alfabetização.
Esta ajuda compreenderia, anos mais tarde, a aplicação em território de Angola, do método cubano de alfabetização YO SI PUEDO, reconhecido em nível mundial por sua eficácia.
Sua implementação nas diferentes províncias do país africano permitiu, em três anos, ensinar a ler e escrever mais de um milhão de angolanos, fazendo com que Angola se tornasse a primeira nação africana em ultrapassar esse número de alfabetizados.
Especialistas de Cuba assessoram os facilitadores angolanos que são os responsáveis pela execução do programa, aplicado pela primeira vez no Haiti e depois em outros 30 países com a utilização de audiovisuais para apoiar a escolarização.
Em várias nações, onde se aplicou esse método, a continuidade de estudos foi favorecida por outros projetos como YO PUEDO LEER E ESCRIBIR e YO, SÍ PUEDO SEGUIR., ou seja, Eu posso ler e escrever, e Eu posso continuar.
Em Cuba, milhares de jovens angolanos estudaram como bolsistas e, formados, voltaram ao seu país para apoiar o desenvolvimento nacional. Graças à cooperação cubana foram abertas faculdades com novas carreiras em Angola.
Angola se sente grata pela ajuda cubana na área educacional, que faz parte da política exterior de Cuba e cujo principal propulsor foi o líder histórico da Revolução cubana, Fidel Castro.