Por: Guillermo Alvarado
Após a tentativa de golpe de estado na Nicarágua, com a participação de políticos de direita, empresários, uma parte da Igreja Católica e não poucos confundidos ou ressentidos com o governo sandinista, todos eles organizados e financiados a partir dos Estados Unidos, a paz está voltando aos poucos, mas o perigo não passou.
Como sabem, os protestos nas ruas começaram em 18 de abril com fúria inusitada, sob o pretexto de uma mal pensada reforma ao sistema de previdência social. O governo retirou imediatamente a tal reforma, mas não bastou, os protestos continuaram com o propósito claro de provocar a queda do presidente Daniel Ortega e de sua equipe de governo.
Até então, Nicarágua era considerada a nação mais estável da explosiva América Central, com um crescimento econômico sustentado e benefícios que alcançavam os segmentos populacionais mais pobres da sociedade.
A imprensa local e regional, sob a batuta dos grandes consórcios midiáticos norte-americanos, bancou uma intensa campanha de mentiras que fez muita gente vacilar sobre os pés.. Alguns setores da esquerda e analistas considerados respeitáveis se viraram contra o presidente afirmando que era um ditador sanguinário e feroz. Não mostraram provas, simplesmente artigos escritos por encomenda e imagens de televisão manipuladas.
Talvez influiu o uso em massa das redes sociais, que provaram mais uma vez que são capazes de manipular a realidade, e a participação nessa farsa de alguns diários tidos como progressistas e respeitáveis.
Houve momentos em que a situação parecia insustentável, especialmente porque de maneira perversa a Igreja Católica, que por trás atiçava a violência, deu um jeito para convocar a um diálogo, mas só se a polícia e o exército não saíssem às ruas deixando assim as ruas nas mãos dos desordeiros.
Os jornais falavam incessantemente de mortos e feridos, mas silenciavam que a maioria deles eram civis inocentes atacados por malfeitores. Militantes sandinistas, funcionários do governo e policiais foram torturados e assassinados cruelmente. Inventaram, também, mortos falsos que teriam sido vítimas do governo.
A situação só começou a melhorar em julho e o sinal da vitória foi no dia 19 daquele mês, quando as cidades se tingiram de rubro-negro (as cores sandinistas) para comemorar o 39o aniversário da vitória da Revolução.
Finalizada esta fase, começa o segundo capítulo da agressão, desta feita por meio de instrumentos como a Nica-Act, criada por Washington para barrar a entrada de capitais na Nicarágua; as declarações do submisso Grupo de Lima e as pantomimas da caduca OEA e seu chefe Luis Almagro.
A vantagem é que não tornarão a pegar de surpresa nem o sandinismo, nem os povos, nem as organizações progressistas da região. Nicarágua ainda corre perigo, mas esperamos que todo o mundo tenha aprendido a lição e aqueles que se desencaminharam retomem o rumo certo. O inimigo mostrou as garras, e os que estavam escondidos, a cara. Agora é preciso estar atentos, alertas, de olho nessa gente.