Por: Maria Josefina Arce
Cidadãos de diferentes lugares do mundo contam com os benefícios de medicamentos cubanos, frutos dos notáveis avanços da biotecnologia reconhecidos em nível mundial por governos e organismos internacionais.
Da América Latina à Europa, medicamentos como o HEBERPROT-P para a úlcera do pé diabético elevam a qualidade de vida das pessoas que sofrem dessa doença e diminuem notavelmente as amputações.
Os norte-americanos estiveram privados desse benefício, durante décadas, devido ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos há mais de meio século a Cuba e que também – como admitem muitos norte-americanos – prejudica os dois povos.
Tal situação começou a se reverter com a aproximação de ambos os países a partir de 2014 durante as presidências de Barack Obama e Raúl Castro, devido à provada qualidade dos medicamentos cubanos e a inquietação de setores norte-americanos do ramo de se verem impossibilitados de contar com esses produtos.
Embora o governo de Donald Trump tivesse retomado a política hostil contra Cuba e endurecido o bloqueio, se manteve a cooperação, limitada, na área de biotecnologia.
Nos Estados Unidos, o Roswell Park Cancer Institute é o pioneiro nos ensaios clínicos de CIMAVAX, a vacina contra o câncer de pulmão desenvolvida por pesquisadores cubanos. Cientistas norte-americanos estão impressionados com os resultados do medicamento: ultrapassou suas expectativas e até ponderam utilizá-lo no tratamento de outras tumorações.
Desafiando o bloqueio e correndo o risco de serem multados ou presos, cidadãos norte-americanos estão viajando a Cuba para fazer o tratamento com a vacina cubana.
Fontes médicas norte-americanas afirmam que a imunoterapia contra o câncer é cada vez mais cara nos Estados Unidos, portanto, o medicamento cubano abre novas esperanças para os doentes.
Nesta direção há outra boa nova: nos últimos dias, filiais comerciais de dois prestigiosos centros de pesquisa, o Centro de Imunologia Molecular de Cuba e o Roswell Park Institute criaram a primeira empresa biotecnológica cubano-americana cuja sede será a Zona Especial de Desenvolvimento Mariel, na província cubana de Artemisa.
Este passo histórico na cooperação científica entre as duas nações permitirá avançar na pesquisa e desenvolver novos medicamentos contra o câncer que podem prolongar e melhorar a sobrevivência de milhares de pacientes nos Estados Unidos.
Nos primeiros anos, o principal objetivo da empresa será o aprimoramento da pesquisa científica e clínica para demonstrar a segurança e a efetividade dos novos tratamentos nos Estados Unidos.
Se os estudos forem coroados de êxito, os produtos poderão ser exportados para o consumo dos norte-americanos, com a aprovação prévia da agência reguladora de medicamentos desse país.
O processo poderá ser longo, mas é inegável que uma esperança se abre paras as pessoas que sofrem de câncer de pulmão, a principal causa de morte deste tipo de doença nos Estados Unidos.