Por Maria Josefina Arce
Na primeira quinzena de novembro, o Senado da Argentina tem previsto debater o projeto governamental do orçamento para 2019, que foi aprovado em meados da semana passada na Câmara de Deputados a despeito da forte oposição popular.
Os argentinos saíram às ruas para protestar contra a proposta do governo de Maurício Macri enquadrada no plano acertado com o FMI -Fundo Monetário Internacional – em troca de um empréstimo de 57 bilhões de dólares para atingir o chamado déficit zero.
A polícia atacou com balas de borracha e gases lacrimogêneos os manifestantes que se congregaram em frente à sede do Congresso em Buenos Aires.
Para os dirigentes sociais e sindicais, o orçamento aprovado pela Câmara de Deputados é do FMI e não das necessidade do povo e garantiram: “como todo mundo está sofrendo, vai ficar um país com uma dívida monumental e sem saída”.
O projeto confirma a política de austeridade implementada durante este ano a pedido do FMI que vai prejudicar ainda mais a economia das famílias argentinas, que já vinham defrontando uma difícil situação em razão da agenda neoliberal aplicada desde 2015, quando Maurício Macri assumiu a presidência.
Se for aprovado pelo Senado, o panorama social da Argentina em 2019 continuará se complicando, porquanto o orçamento contém cortes no gasto público superiores aos 10 bilhões de dólares para alcançar o déficit zero reclamado pelo Fundo Monetário Internacional a fim de conceder o empréstimo.
Assim, áreas como saúde, educação, moradia e urbanismo serão seriamente afetadas, ao mesmo tempo, aumentará o dinheiro destinado a pagar a dívida externa.
A proposta compreende cortes de 8% na área de saúde, 23% na de educação e cultura, 20% em água e esgotos e 48% na de habitação e urbanismo.
A Argentina vive momentos difíceis. Macri assumiu a presidência com a promessa de “pobreza zero”, mas nada conseguiu, ao contrário, mais e mais famílias carecem do necessário para viver.
De resto, o país tornou a entrar em recessão neste ano e viu como sua moeda nacional – o peso argentino – se desvalorizava mais de 53% em relação ao dólar norte-americano.
Não se espera melhora da situação. O próprio presidente admitiu que os próximos meses serão tensos. Maiores problemas econômicos para os argentinos que viveram sobressaltados em 2018 pela constante subida de preços dos produtos de primeira necessidade e serviços e o aumento do desemprego.