Por: Maria Josefina Arce
A política neoliberal implementada pelo governo do presidente Maurício Macri mostrou no decurso dos meses sua pior cara motivando uma tensa situação social, que piorou em razão do acordo com o FMI – Fundo Monetário Internacional – que propicia ao governo um empréstimo bilionário em detrimento das condições de vida dos argentinos.
Enquanto uma delegação do FMI está fiscalizando na Argentina o uso que o governo faz do dinheiro desembolsado pela instituição internacional, os argentinos exigem que se proclame a emergência alimentar, diante do grave panorama reinante nos lugares mais vulneráveis.
Em protestos em Buenos Aires e noutras cidades, os manifestantes reclamam programas de emprego e a liberação de recursos para programas de alimentação, levando em conta que os refeitórios populares não estão conseguindo atender ao fluxo cada maior de pessoas famintas.
Um grupo de ministros de Desenvolvimento Social de seis províncias argentinas também solicitou a declaração da Emergência Alimentar Nacional, levando em conta a crítica situação social.
Os ministros estão preocupados com o ajuste que o governo nacional está propulsando. Quem paga são os mais humildes.
Em setembro passado, durante visita à Argentina de Hilal Elver, relatora especial das Nações Unidas sobre o direito à alimentação, advertiu sobre o aumento do número de pessoas que frequentam os refeitórios, porque por falta de dinheiro deixam de comer.
Elver assinalou: quase quatro milhões de pessoas na Argentina defrontam uma séria insegurança alimentar.
Recente relatório da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura – afirma que a Argentina está entre os três países da América Latina com maior porcentagem de fome nos últimos tempos.
Por isso, a agência da ONU, junto com outros organismos, chamou os países a aplicarem políticas públicas que combatam a desigualdade e propulsem sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis.
Nesta semana será levado à consideração do Senado o orçamento de 2019, que, se for aprovado, vai complicar ainda mais o panorama social do país sul-americano, porquanto a proposta contém cortes no gasto público de mais de 10 bilhões de dólares para atingir o déficit zero que exigiu o FMI para a concessão do empréstimo.
Assim, áreas essenciais como saúde, educação, moradia e urbanismo se verão seriamente prejudicadas, enquanto isso aumentará o dinheiro destinado a pagar a dívida externa.
De um lado, os argentinos pagam as consequências da política neoliberal do governo de Maurício Macri. Do outro, o FMI, conhecido por suas receitas de ajusta que multiplicam a desigualdade e a pobreza, acompanha de perto seu acordo com Buenos Aires, para que seja cumprido conforme o pactuado e se implemente o orçamento de 2019 para obter o que chamam de déficit zero, um requisito da instituição financeira internacional para seu empréstimo.