Por: Guillermo Alvarado
No Iêmen, o país sobre o qual desabou uma guerra devastadora liderada pela Arábia Saudita com o apoio dos EUA e outras potências ocidentais, as coisas vão de mal a pior de acordo com recentes denúncias de atrocidades cometidas contra a martirizada população.
Al Yunaid, membro do denominado governo de salvação nacional criado pelos rebeldes hutis, afirmou que a coalizão agressora utiliza contra vilarejos e cidades armas proibidas em nível mundial.
Tais ataques, garantiu, potenciam a propagação de inúmeras doenças, como a cólera, o sarampo, a difteria, gripe e outras.
Um dos fatores assinalados pelos especialistas como chave na rápida propagação da epidemia de cólera – considerada a mais grave e espalhada do planeta pela Organização Mundial da Saúde – é justamente a destruição da infraestrutura sanitária, do sistema de água e esgoto e a acumulação de toneladas de lixo nas ruas.
Centenas de milhares de pessoas se acham entulhadas em acampamentos que carecem dos serviços mínimos indispensáveis e onde faltam medicamentos, alimentos e pessoal para atender às necessidades da população civil, a principal vítima de um conflito imposto que completará quatro anos no próximo dia 25 de março.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha informa que o Iêmen é palco da pior crise humanitária no planeta: 22 milhões de pessoas necessitam ajuda para sobreviver, muitas delas estão à beira da fome.
Além dos bombardeios, combates e doenças, os iemenitas têm de lidar com as minas plantadas pelas duas partes em conflito, ou seja, os hutis e as tropas leais ao presidente Abdrabbuh Mansour Hadi, que é apoiado pela coalização agressora formada por Arábia Saudita e países ocidentais.
A organização Médicos sem Fronteiras assinalou que de três pessoas feridas pelas minas uma é criança, o que está causando uma geração com graves mutilações, outro grave problema de longo prazo.
Em dezembro passado, na Suécia, se obteve um limitado acordo de paz, mas falta muito para conseguir o cessar-fogo efetivo, a troca de prisioneiros e destravar o acesso à ajuda humanitária, indispensável para salvar muitas, talvez milhões de vidas.
O drama se passa na frente de governos, grandes meios de comunicação e organizações internacionais que assistem indiferentes, a reação tem sido lenta demais, talvez porque se trata do país mais pobre no mundo árabe.
O Iêmen não tem grandes recursos naturais, mas se situa num dos extremos que comunicam o mar Vermelho com o canal de Suez, por onde passam todos os dias milhões de barris de petróleo, razão suficiente para desencadear o desejo de grandes produtores e consumidores de controlar esta estratégica passagem. Sem dúvida, o óleo é a principalmente causa desta guerra tão cruel.