M.J. Arce
Chove sobre molhado. Esse é o caso dos supostos incidentes de saúde com diplomatas norte-americanos credenciados em Havana, que os EUA arvoram como pretexto para endurecer sua política hostil a Cuba.
Sem prova alguma, o governo norte-americano se empenha em dizer que seus funcionários foram alvo de ataques sônicos na capital cubana, uma cidade visitada diariamente por milhares de turistas de várias nacionalidades sem que tenham sido registrados até hoje problemas de saúde semelhantes.
Recentemente foi divulgado um novo estudo da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, sobre o assunto. O documento, publicado na revista da Associação Estadunidense de Medicina, aponta que o cérebro dos diplomatas supostamente afetados sofreu certas alterações. Contudo, não chega a conclusão alguma sobre a provável causa dos sintomas revelados pelos funcionários da embaixada.
Ante a repercussão da matéria na mídia, a vice-diretora para os EUA no ministério cubano das Relações Exteriores, Johana Tablada, declarou aos jornalistas que não existe evidência alguma sobre a ocorrência de incidentes desse tipo em Havana, nem houve modificação nas conclusões a que tinham chegado antes agências especializadas norte-americanas e cubanas.
Por sua vez, o diretor-geral do Centro de Neurociências de Cuba, Mitchel Valdés Sosa, aponta que o novo estudo não mostra resultados científicos claros. Disse que as conclusões do ponto de vista médico são “confusas e contraditórias”.
Desde que o assunto veio à tona, em Cuba realizou-se uma investigação profunda, da qual participaram renomados cientistas. Entrevistaram-se cubanos residentes nas zonas onde supostamente ocorreram os incidentes sônicos, examinaram-se as casas dos funcionários norte-americanos e foram feitos exames médicos e testes na água, ar e insetos nesses lugares.
Paralelamente, cientistas de outros países afirmaram que é impossível fazer esse tipo de ataque. No começo deste ano, dois especialistas de universidades dos EUA e da Grã-Bretanha apresentaram uma matéria na qual apontam que a gravação dos supostos ataques sônicos, divulgada em 2017 pela agência noticiosa norte-americana AP, corresponde ao ruído feito por uma espécie de grilo que vive na região caribenha.
Cabe recordar que o FBI – Bureau Federação de Investigações dos EUA, após meses de investigações e quatro viagens de seus especialistas a Havana, também não encontrou prova alguma das presumíveis agressões contra o pessoal diplomático norte-americano.
Apesar de não existir evidências sobre o assunto, Washington adotou medidas unilaterais e retirou a maioria de seus funcionários da embaixada na capital cubana, paralisando o processamento de vistos e outros trâmites. Também, expulsou 17 diplomatas de Cuba credenciados nos EUA e emitiu uma alerta de viagem à Ilha.
Cuba tem deixado claro que jamais permitiu nem permitirá que o território nacional seja utilizado para eventuais ações contra funcionários de outros países nem seus familiares, sem exceção. Contudo, o governo do presidente Donald Trump arvorou a questão para tentar justificar o endurecimento do bloqueio econômico, comercial e financeiro, instaurado no começo dos anos 60.
Cuba é um país seguro e estável, como confirma a chegada de um maior número de turistas a cada ano, que escolhem este destino não só pela beleza natural e valores históricos e culturais, mas também pela tranquilidade e a hospitalidade do seu povo.