G. Alvarado
O presidente dos EUA, Donald Trump, diz que está trabalhando duro para se reeleger em 2020. Porém, vários de seus atos em política interna e externa parecem ir em direção oposta a seus desejos, gerando mais empecilhos do que benefícios.
Ocorreu assim com as pressões exercidas sobre seu íntimo aliado, o premiê de Israel, Benjamin Netanjahu, para que proibisse a entrada de duas congressistas norte-americanas – Ilhan Omar e Rashida Tlaib – aos territórios ocupados. Elas foram as primeiras duas mulheres de religião muçulmana que chegaram à Câmara de Representantes, ambas do partido Democrata. Tlaib é de origem palestina e sua avó vive na Cisjordânia.
O problema é que para entrar nos territórios ocupados da Cisjordânia e da Faixa de Gaza é preciso passar por Israel. Talvez seja o único caso em que para visitar um país é preciso solicitar o visto de outro.
A resposta negativa do governo israelense ao pedido de ambas gerou muita indignação, sobretudo nos EUA, porque o próprio Trump se encarregou de revelar que tinha pressionado Netanjahu para que não deixasse passar as legisladoras.
Não levou em conta, ou esqueceu, que a comunidade judia nos EUA vota pelo partido Democrata. O Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel (AIPAC), considerada a maior e mais influente organização judia em Washington, disse que essa medida foi um erro. Por sua vez, o Congresso Judeu Estadunidense assinalou que o custo político da proibição foi mais alto do que ter permitido a visita.
O jornal “The New York Times” perguntou a que temiam Trump e Netanjahu, e frisou que o veto à viagem das duas congressistas tinha sido um sinal de fraqueza.
Por outro lado, o chefe de Estado norte-americano viu tremer nestes dias o solo sob seus pés. As bolsas de valores sofreram quedas significativas, somadas aos presságios de um período de recessão por causa da contração das economias da Alemanha e do Reino Unido e as dificuldades do setor industrial na China.
Por enquanto, o desemprego nos EUA se mantém num nível baixo e o consumo é alto. Mas, dificilmente poderão ser evitados os prejuízos de uma crise internacional que vários analistas atribuem ao comportamento errático de Donald Trump desde que tomou conta da Casa Branca.
Robert Reich, ex-secretário do Trabalho, declarou aos jornalistas que o Presidente não só desconsidera os detalhes, mas também mente sobre assuntos dos quais não tem conhecimento.
O diário “Wall Street Journal”, aliado do governo, aconselhou Trump a deixar de fazer ameaças pelo Twitter e a empreender negociações sérias. E lembrou que nenhum presidente que enfrentou uma recessão nos dois últimos anos de mandato conseguiu se reeleger.
Falta pouco mais de um ano para a votação nos EUA, e tudo indica que entre mentiras e políticas erradas Trump está cavando sua própria cova eleitoral.