M.J. Arce
O aumento do índice de acidez dos mares e oceanos é talvez uma das consequências menos conhecidas pela comunidade internacional das mudanças climáticas, apesar do grande impacto negativo na flora e fauna desse entorno.
Especialistas apontam que 30% do dióxido de carbono liberado à atmosfera pela atividade humana é absorvido pelas águas. Isso significa uma ameaça para todo tipo de crustáceos, que por sua vez servem de alimento para os grandes peixes.
A energia que gastam algumas dessas espécies para sobreviver em condições de maior acidez faz reduzir a que dispõem para processos fisiológicos como a reprodução e o crescimento. Um relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas indica que esse fenômeno nos oceanos está alterando notavelmente os ecossistemas marinhos, com sequelas na pesca e na aquicultura.
Os países caribenhos estão preocupados com esse problema. Em Cuba funciona o Observatório Regional para Estudos da Acidificação Marinha, cuja sede está na cidade de Cienfuegos. O projeto promove estudos sobre a questão levando em conta a temperatura das águas e outros fatores relacionados com as modificações do clima global.
Países como a Costa Rica e República Dominicana contribuem ativamente às pesquisas realizadas pela entidade, que conta com tecnologias avançadas decorrentes da cooperação com o OIEA - Organismo Internacional de Energia Atômica.
Nestes dias, especialistas cubanos do Centro de Estudos Ambientais de Cienfuegos se reuniram com pesquisadores suecos para abrir um novo projeto de investigação sobre a poluição dos mares. A iniciativa é promovida pelo OIEA para conferir os efeitos da acidificação em 26 espécies de camarões, ouriços de mar, peixes e moluscos num período de oito meses.
Por enquanto, as informações sobre esse assunto no país são escassas. Porém, os estudiosos consideram que é possível fazer uma avaliação nesse prazo que permita estabelecer índices históricos e outros parâmetros. Também, gerar uma linha de comparação sobre a sensibilidade em tipos chave de mariscos.
Se prevê envolver na pesquisa a indústria pesqueira local, os que trabalham na aquicultura e as pessoas em geral. Um dos propósitos é fomentar ações que ajudem à adaptação dos exemplares da fauna e flora a esta situação e a diminuir seus efeitos negativos.
Os oceanos são essenciais para a vida no planeta e parte substancial da biosfera. Influem no clima e suas condições estão relacionadas com a saúde e bem-estar da humanidade. Portanto, o cuidado das águas e a proteção das espécies que habitam nelas devem ser uma prioridade mundial, condizente com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável traçados pela ONU – Organização das Nações Unidas.