G. Alvarado
Recentemente, comemorou-se o Dia Internacional contra os Testes Nucleares. A jornada foi instaurada pela ONU – Organização das Nações Unidas para promover o fim desses experimentos que ao longo da segunda metade do século 20 ocasionaram centenas de milhares de vítimas nos lugares onde foram realizados. A maioria das vezes, sem o consentimento ou o conhecimento dessas pessoas.
Antonio Guterres, secretário-geral da entidade, lembrou que o Tratado de Proibição Total dos Testes Nucleares nunca chegou a ser aplicado apesar de ter sido aprovado há 20 anos. O documento foi assinado por 184 países, e ratificado por 168.
A comunidade internacional fracassou em seu intento de impedir a explosão desses artefatos atômicos, cujo objetivo é aperfeiçoar seus mecanismos. As ogivas constituem uma verdadeira praga que coloca em risco a vida no planeta, sobretudo em momentos em que o presidente da primeira potência mundial, o norte-americano Donald Trump, está prestes a iniciar uma nova corrida armamentista.
Hiroshima e Nagasaki foram as únicas cidades bombardeadas propositalmente para eliminar a maioria de seus habitantes. Este crime contra a humanidade permanece impune mais de meio século depois. Porém, os testes de armamento nuclear realizados desde que começou a chamada era atômica têm ocasionado um número de vítimas muito maior que o registrado nessas ações perpetradas pelos EUA no final da Segunda Guerra Mundial.
De 1951 a 1992, o governo norte-americano fez no deserto de Nevada 928 testes nucleares, mais de 800 deles subterrâneos. Um relatório divulgado em 2017 indica que nos primeiros 20 anos faleceram entre 340 mil e 690 mil civis em consequência dessas explosões.
A França também provocou uma situação semelhante com suas detonações no Saara argelino e em numerosas ilhas e atóis da Polinésia, no oceano Pacífico, de 1960 a 1996. A chuva radioativa nesses lugares teve efeitos desastrosos na saúde dos habitantes. Mesmo assim, durante muito tempo as autoridades francesas negaram-se a pagar indenizações às famílias afetadas.
A outrora União Soviética fez uma média de 10 testes nucleares por ano no polígono de Semipalatinsk, no Cazaquistão, de 1949 a 1986. Cerca de 500 mil a um milhão de camponeses nômades e residentes nos arredores foram expostos à radiação.
Outros lugares ficaram marcados por esses experimentos, entre eles Maralinga, Emu Field e as ilhas Monte Bello, na Austrália do Sul e Ocidental respectivamente. As comunidades indígenas que vivem ali sofrem até hoje os efeitos dos testes feitos pelo Reino Unido.
Câncer, deformações, infertilidade, problemas cardiovasculares e morte são o resultado dessas práticas infames que afetaram pessoas inocentes, tratadas como cobaias pelos cientistas militares na mais atroz corrida da humanidade, cuja única meta é criar uma arma capaz de deixar uma montanha de corpos sobre os escombros.