Por Guillermo Alvarado
Após breve pausa nos últimos anos, o número de desempregados em nível mundial vai crescer em mais de 2,4 milhões de pessoas neste ano, devido à desaceleração da economia e a guerra das tarifas, entre outros fatores, anunciou a Organização Internacional do Trabalho, conhecida pela sigla de OIT.
Conforme documento publicado por essa entidade, a mão de obra aumenta, mas não estão sendo criados suficientes empregos para dar uma oportunidade aos que entram no mercado de trabalho.
Neste instante existem 188 milhões de pessoas procurando emprego. E a essas pessoas devemos adicionar outros 165 milhões que só trabalham meio expedientes ou com contratos precários e outros 120 milhões que já desistiram de achar um posto de trabalho. Assim, temos 473 milhões, em total, de prejudicados.
Uma das causas do problema reside no encolhimento da economia mundial nos últimos anos devido às tensões políticas, especialmente as criadas pelo comportamento do governo dos Estados Unidos presidido por Donald Trump, na palestra internacional.
A mais prejudicial é a guerra das tarifas que trava com a China, que repercute no comércio mundial, uma ferramenta que Washington também utiliza de maneira arbitrária contra seus aliados, como a União Européia.
Esta situação provocou uma diminuição generalizada de gastos em mão de obra, com efeito negativo nos segmentos mais vulneráveis, como os jovens e as mulheres.
A OIT também adverte: ter um emprego nem sempre significa garantia de acesso a um salário decente, que permita ao trabalhador resolver seus problemas, os de sua família e criar melhor padrão de vida.
Por volta de 61% da mão de obra mundial realiza trabalhos informais, mal pagos, que não oferecem nenhum ou pouco acesso à previdência social e aos direitos trabalhistas, realça o relatório da OIT.
Isto se traduz em que mais de 630 milhões de trabalhadores no planeta vivem em condições de pobreza, ou pobreza extrema, e seus descendentes acabam não conseguindo sair desse círculo vicioso.
As repercussões são graves, afirmou Guy Rider, diretor-geral da OIT, porque crescem as frustrações e a raiva contra um sistema mal desenhado que gera pobreza e descontentamento.
O documento explica: é significativo que em 2019 tenha aumentado a incidência dos protestos em sete das onze sub-regiões do mundo, o que indica que o descontentamento com a situação social, econômica ou política é cada vez maior.
Isto demonstra que as situações explosivas em vários países, como Colômbia, Equador, Haiti ou Chile, em nosso continente, ou na França, na Europa, ao invés de diminuírem, vão aumentar à medida que as pessoas não encontrem uma saída e os governos continuem cegos, surdos e mudos diante de uma situação insustentável que exige mudanças estruturais imediatas.