Por: Guillermo Alvarado
O recente conflito dos poderes Executivo e Legislativo em El Salvador trouxe à tona de novo o tema das gangues, as temíveis “maras”. Para combatê-las o presidente Nayib Bukele exige a aprovação de um empréstimo multimilionário destinado a comprar equipamento militar.
Muitos perguntarão como é que essas gangues chegaram a se converter num sério problema de segurança nacional para vários países, especialmente aqueles que são membros do Triângulo Norte Centro-Americano formado por El Salvador, Honduras e Guatemala.
Pois bem, começaram a dar os primeiros passos lá pelos anos 1980 nas ruas de Los Angeles, California. Nesse tempo, eram jovens que fugiam dos conflitos armados em seus países, onde reinava a brutal violência dos militares contra a sociedade civil.
O denominador comum era a pobreza, não eram marginais e sim marginalizados pelo sistema, destaca o analista Marcelo Colusi. Eram vítimas do racismo dos brancos norte-americanos e do desprezo de outras minorias étnicas que receavam deles.
Diante de tal situação, se organizaram em grupo para se defender e sobreviver num mundo dominado pelas quadrilhas que se dedicavam ao roubo, tráfico de drogas, contrabando e corrupção policial.
As “maras” não só se adaptaram a esse ambiente tóxico, mas também se inseriram com relativo êxito, até porque muitos desses jovens já contavam com um histórico de delitos e não foi difícil para eles combater a violência com mais violência, superando até as quadrilhas locais nesse quesito.
Mara é, na gíria de seus países, o grupo, a turma de amigos, de escola, bairro, ou rua e até a família.
A primeira e a maior delas foi formada por emigrantes salvadorenhos na Rua 13 de Los Angeles e a partir da palavra “trucha”, que significa esperto, astuto ou escorregadio,anteposta pelas primeiras cinco letras de seu patronímico: a “mara salvatrucha”, ou MS-13.
Perto de lá, no bairro 18, surgiu seu principal rival, com o qual tiveram sangrentos enfrentamentos, a mara 18, ou M-18.
Quando as autoridades norte-americanas perceberam o que estava se passando decidiram não combatê-las e muito menos tentar endireitar seus membros. Simplesmente deportaram todos para a América Central, em massa, para se livrarem do problema.
De volta à sua miséria, exclusão e violência, porém já com experiência e organizadas, acharam todas as condições para se desenvolverem, sobretudo devido à ausência do Estado e de suas entidades nas zonas mais pobres, até se converterem no que são, hoje. Em comentários futuros tornaremos a focalizar este tema.