Los Angeles, a cidade dos sem-teto

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2020-02-22 17:02:51

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Por Guillermo Alvarado

Califórnia é, nos Estados Unidos, o lugar onde se observa com mais dureza as graves contradições do capitalismo, com pessoas que vivem numa opulência insultante e outras que carecem do indispensável, como trabalho, moradia e saúde.

Ainda que o presidente Donald Trump insista em proclamar os supostos êxitos de sua gestão econômica, naquele país (a primeira potência mundial) mais de meio milhão de seres humanos vivem a intempérie e a metade deles se concentra nas principais cidades californianas.

A professora da Universidade de Califórnia, Margot Kushel, explica que são pessoas que não têm acesso a banheiros, chuveiros ou lavabos, não têm onde preparar seus alimentos e passam fome, correm o risco de serem roubados e dormem mal e pouco.

As consequências para a saúde são severas, detalha a especialista espanhola em neurofisiologia Victoria Fernández. Ela assinala que a privação de repouso produz irritabilidade, ansiedade e depressão.

E a médio e longo prazo pode levar a disfunções do sistema, problemas do coração, cerebrais, diabete do tipo II e favorecer o Alzheimer, entre outras doenças.

Na cidade de Los Angeles cujo clima é bastante bom morrem em média três indigentes ao dia. É uma situação insólita se levarmos em conta que é um estado rico e onde radicam alguns hospitais de fama mundial, nos quais, é claro, jamais poderia entrar um sem-teto.

Durante uma visita a esse estado, no ano passado, o presidente Trump recomendou utilizar a força pública para desalojar os pobres. Seu argumento foi o seguinte: vivem em ruas e estradas de primeira categoria ou na entrada de edifícios onde tem gente que paga altos impostos.

Ao se recusar o governo de entregar bônus de moradia para superar a crise, o governador local, Gavin Newsom, propôs investir em 2020 ao menos 400 milhões de dólares para a criação de albergues em espaços públicos e atendimento a problemas de saúde.

O projeto compreende a construção de casas em terrenos públicos, perto de estradas e autopistas inclusive, financiar visitas de emergência aos hospitais e inclusive doar trailers, para usá-los de refúgio temporário, e estabelecer postos de saúde ambulantes.

É claro que estamos falando numa gota d’água no mar de necessidades, porém é muito melhor do que a indiferença mostrada pelo governo federal e a Casa Branca, cujo propósito é criminalizar os mais pobres.

Vale recordar que a indigência não é uma opção, e sim o resultado de um sistema concebido para favorecer um punhado de privilegiados, mesmo à custa da vida e a segurança da maioria.


 



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