A perversidade racista

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2020-06-02 12:43:34

Pinterest
Telegram
Linkedin
WhatsApp

Por Guillermo Alvarado

A escravidão foi abolida formalmente nos Estados Unidos em 1865 ao ser aprovada a 13ª emenda à Constituição. Já a igualdade dos direitos civis teve de esperar um século, até 1964, mas ainda hoje ser negro ou de outra minoria étnica é muito perigoso naquele país.

Por exemplo, a pandemia da Covid-19 matou até agora mais de 100 mil pessoas, das quais 25 por cento pertencem à comunidade afro-norte-americana, quando eles representam apenas 13 de 100 habitantes, segundo o portal Democracy Now.

Um estudo publicado em The American Interest confirma: em Nova York, no bairro mais elegante de Manhattan, a taxa de contágios é de 3,52 para cada mil, enquanto isso, no mais pobre do populoso Queens, se eleva a 31,95, quase dez vezes mais.

Porém se falta uma amostra do que vale a vida de um negro na principal potência mundial, eis o cruel assassinato de George Floyd cometido por um policial branco na cidade de Minneapolis, estado de Minnesota.

O crime levantou onda de indignação e raiva em inúmeros pontos dos Estados Unidos, estimulada pelo comportamento do presidente Donald Trump.

Após os primeiros choques entre a população e a polícia, o presidente Trump chamou os manifestantes de facínoras e utilizou a controvertida frase “quando começam os saques, começam os tiros”.

A rede Twitter, em pleno conflito com o presidente, se posicionou afirmando que essa frase era uma incitação à violência.

A ameaça não parou os protestos, que se espalharam por 30 cidades norte-americanas no fim da semana passada, Nova York inclusive, onde se prolongaram a noite toda de sábado e boa parte da manhã de domingo.

Jennifer Hochschild, professora da Universidade de Harvard, disse em entrevista à rede de televisão britânica BBC que Trump parece estar mais interessado em avivar o fogo do que em apagá-lo.

No meio de uma economia alquebrada, criar um confronto racial em grande escala será um bom argumento para mobilizar o eleitor médio do presidente formado por um segmento de população branca, protestante e profundamente racista.

A verdadeira razão da mensagem de Trump em que ameaça atirar contra os manifestantes serão as eleições de novembro, e não sua habitual asneira?  

Se fosse assim, estaríamos diante de uma perigosa manifestação de perversidade racista de um homem que não se importaria com incendiar o país, para reinar sobre suas cinzas.

 

 



Comentários


Deixe um comentário
Todos os campos são requeridos
Não será publicado
captcha challenge
up