Por Guillermo Alvarado
Mais do que um escândalo, a saída de Carlos Dacotelli antes de preencher o cargo de ministro da Educação, nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro, é um fiasco que mostra mais uma vez a fraqueza do gabinete brasileiro.
Desde o início de seu governo, o ex-capitão do exército e saudoso da ditadura e dos torturadores, perdeu 13 membros de sua equipe, vários deles em condições de comédia barata.
Dacotelli foi escolhido para substituir Abraham Weintraub cuja saída ocorreu depois de que dissera numa reunião do gabinete que os 11 membros do Supremo Tribunal Federal são uns vagabundos que deviam ir pra cadeia.
Seu “castigo” foi deixar a pasta e viajar a Nova York para ocupar um posto no Banco Mundial.
Weintraub, por sua vez, ocupou o cargo no lugar do colombiano nacionalizado brasileiro Ricardo Vélez Rodriguez, que tinha sido demitido 100 dias depois de ter iniciado o governo porque mencionou como exemplo a seguir o traficante de drogas Pablo Escobar.
O caso de Dacotelli é, talvez, mais patético. Após ter sido anunciada sua nomeação publicou um currículo onde aparece que tinha um doutorado na Universidade Nacional de Rosário; um pós-doutorado na Universidade de Wuppertal, Alemanha, e era membro da Fundação Getúlio Vargas.
Pois bem, as três instituições negaram tudo, Dacotelli foi flagrado dizendo mentiras e pôs em ridículo Bolsonaro que se viu obrigado a aceitar a renúncia antes de lhe entregar a chave do ministério.
O presidente tem muitas fraquezas, bem conhecidas, conta com a habilidade de se cercar de colaboradores desonestos, maldosos, corruptos ou controversos.
O questionável manejo da Covid-19 privou dois ministros da Saúde – Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta. Igualmente, se foram embora, entre outros, Osmar Terra, pasta de Cidadania; Gustavo Canuto, de Desenvolvimento Regional, Floriano Peixoto e Gustavo Bebiano, ambos da Secretaria Geral da Presidência.
Um golpe que pode dar muita dor de cabeça é a dispensa do ministro da Justiça Sérgio Moro, homem sem escrúpulos, acostumado a torcer a lei e ora inimigo poderoso do presidente.
Vistas as coisas assim, a Bolsonaro vem bem aquele refrão: diga-me com quem andas e direi quem tu és.