Por Guillermo Alvarado
Na França, começou julgamento civil contra um grupo de empresas que fabricaram desfolhantes e outros produtos químicos utilizados pelos Estados Unidos durante a guerra do Vietnã de 1955 a 1975 e que causaram graves danos à saúde de milhões de pessoas.
Após seis anos de demoras e pretextos impostos pelas empresas indiciadas - entre elas as norte-americanas Monsanto e Down Chemical - finalmente em 25 de janeiro se realizou a primeira audiência. A denunciante é a cidadã franco-vietnamita Tran To Nga vítima do chamado Agente Laranja.
É um produto composto à base de dois herbicidas que, em tese, se dissolvia em poucos dias sem deixar resíduos. Porém, os produtores para satisfazer a crescente procura do exército norte-americano, e ganhar mais dinheiro, alteraram a fórmula e assim surgiu uma dioxina muito prejudicial para os seres humanos e a natureza.
Diferentes informes, o norte-americano Stellman inclusive, revelam que mais de 80 bilhões de litros desse perigoso desfolhante foram espargidos sobre selvas, rios, plantações e povoados do Vietnã.
Jeanne Stellman, autora do informe, afirma que, ao menos, três mil aldeias e comunidades foram diretamente fumigadas com agente laranja.
Como resultado, de dois a cinco milhões de habitantes entraram em contato com esse químico e, hoje, 50 anos mais tarde, há três milhões de pessoas com graves malformações genéticas e os danos continuam. Milhões de hectares de terras e milhares de fontes de água foram envenenados.
Inclusive muitos soldados norte-americanos e seus aliados nessa agressão estão padecendo os efeitos da dioxina ou os passaram para seus filhos.
É um crime de guerra que Estados Unidos ainda não admitiu. Seus cúmplices, como Monsanto, afirmam que o uso intensivo de desfolhantes sobre o Vietnã teve por objetivo salvar a vida de milhares de soldados.
Esse foi exatamente o argumento utilizado para justificar o criminoso bombardeio atômico sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
O processo iniciado em um tribunal de Paris é civil, como mencionamos anteriormente, entre uma demandante e um grupo de empresas. Não questiona a guerra em si, nem os excessos cometidos, mas se a vítima ganhar, se abre a porta para reparar os danos causados aos demais prejudicados por esse crime.
Sem dúvida, os juízes franceses terão de enfrentar uma dura prova ante as brutais pressões que exercerão as multinacionais e o complexo militar industrial norte-americano, que farão tudo para sepultar o caso.