Por: Maria Josefina Arce
A marcante política hostil do governo do ex-presidente Donald Trump conduziu as tensões entre Cuba e Estados Unidos ao auge, tanto assim que a aproximação entre os dois países, que tinha começado no final de 2014, sofreu notável recuo.
Em quatro anos de governo, Trump adotou mais de 200 ações para sufocar a economia cubana alocando milhões de dólares para financiar a subversão interna, provocar o caos, o descontentamento e promover mudança de regime.
Washington perseguiu empresas estrangeiras e instituições financeiras que mantêm relações com a Ilha e prejudicou as relações entre famílias ao cancelar voos aéreos regulares e charters, exceto Havana, e atacar as remessas de dinheiro.
Igualmente, endureceu o bloqueio econômico, comercial e financeiro no meio da Covid-19 dificultando o combate da nação caribenha à pandemia.
Dias antes de finalizar seu mandato como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump aprovou novas sanções contra o povo cubano e tornou colocar Cuba na lista de nações, que, segundo ele, apóiam o terrorismo. Eram os últimos estertores de uma política falida, rejeitada em nível mundial e por muitos dentro dos próprios Estados Unidos.
Trump fez ouvidos moucos aos apelos de pôr fim a essa postura hostil, que agora, com o novo governo, começam a se escutar com força e insistência.
Mais de 50 organizações empresariais, acadêmicas, religiosas, meio ambientais e de cubanos americanos, exortaram o atual governo a renunciar à política de Trump.
Em carta endereçada ao presidente Joe Biden recomendam aproximar-se de Cuba e pediram ao Congresso eliminar o bloqueio, imposto faz quase 60 anos, que provocou prejuízos a esta Ilha estimados em 144 bilhões 413 milhões 400 mil dólares.
O acadêmico Geoff Thale, presidente da Agência de Washington para América Latina, colocou de relevo o crescente apoio que existe nos Estados Unidos em favor da normalização das relações entre os dois países.
Isto permitiria – disse – abrir espaço de cooperação e diálogo em temas como a mudança climática e a saúde, entre outros. No último dia seis, Ron Wyder, senador por Oregón e presidente do Comitê de Finanças da Câmara Alta, encaminhou o projeto de Lei de Comércio entre Cuba e Estados Unidos de 2021, que busca derrogar as caducas e criticadas sanções.
Em janeiro passado, a Coalizão Agrícola dos Estados Unidos para Cuba pediu a Biden que retomasse as políticas de apoio ao desenvolvimento de relações proveitosas entre o setor agrícola de ambos os povos.
A Coalizão – formada faz seis anos – propõe a agricultores, empresas e universidades norte-americanas trabalharem com parceiros cubanos sobre o desafio do aumento da produtividade, adaptação à mudança climática e estratégias comerciais sólidas.
Desde que Biden assumiu o poder, personalidades das artes, política e de outros setores manifestam seu desejo de retomar as relações iniciadas pelo ex-presidente Barack Obama e que muito podem beneficiar ambos os povos.