Por: Maria Josefina Arce
Comboios de carros, bandeiras do Brasil, marchas e cruzes espalhadas pelas estradas em recordação das vítimas da Covid-19 foram vistos em muitos lugares do Brasil, no fim da semana passada.
Em mais de 70 cidades brasileiras, as pessoas exigiram a demissão do presidente Jair Bolsonaro devido à má gestão de seu governo com relação à doença causada pelo novo coronavírus, que já fez naquele país mais de 246 mil vítimas mortais.
O Brasil tem vivido momentos difíceis por causa da pandemia. A cidade de Manaus, sem oxigênio para os doentes, falta de insumos, hospitais colapsados, comunidades indígenas abandonadas e, tudo isso,ante a indiferença e o comportamento irresponsável de Bolsonaro.
Desde que a pandemia se espalhou pelo país sul-americano mais de 10 milhões de pessoas se contagiaram. Hoje, morrem umas 1.000 pessoas ao dia. A resposta ineficiente do governo piora a situação.
No começo, Bolsonaro negou a gravidade da doença, não respeitou as medidas necessárias para evitar a propagação e, como se não bastasse, recomendou a cloroquina e a hidroxicloroquina para tratar a Covid-19, como tinha feito o ex-presidente norte-americano Donald Trump, tão admirado pelo brasileiro.
Nos últimos dias, o Supremo Tribunal Federal encaminhou ação penal contra Bolsonaro por ter ordenado o uso da cloroquina no tratamento da doença arriscando a vida da população.
A demanda no Supremo Tribunal foi interposta pelo Partido Democrático Trabalhista. O PDT considera ação criminosa a promoção desse medicamento para atender aos contagiados.
Em maio do ano passado, a Confederação Nacional de Trabalhadores da Saúde e a Federação Nacional de Farmacêuticos entraram com recurso no STF para suspender o uso do mencionado medicamento, que vários estudos em nível mundial assinalavam como ineficiente e inseguro.
Daquela feita, recordaram que a Organização Mundial da Saúde OMS tinha suspendido os ensaios do remédio, porque provocava arritmia nos doentes, entre outros efeitos secundários.
Bolsonaro também enfrenta a possibilidade de um impeachment.
Perto de setenta pedidos de impeachment foram encaminhados ao Congresso, que, todavia, está alinhado com o ex-militar.
Políticos afins a Bolsonaro presidem o Senado e a Câmara de Deputados, portanto, há poucas chances de que prospere a exigência de boa parte da cidadania.
Por isso, organizações políticas, sociais e sindicais realçaram a importância da pressão popular para exigir a saída do presidente, que, em dois anos de governo, pouco fez pelo Brasil e os brasileiros.