La comida necesaria para resolver el problema del hambre en el mundo, ya se produce, pero se desperdicia, se tira a la basura. FAO
Por: Guillermo Alvarado
A segunda meta de desenvolvimento sustentável recomendada pela Organização das Nações Unidas para 2030 é “fome zero” em todo o mundo, isto é, a erradicação total do fantasma que hoje paira sobre quase 800 milhões de seres humanos.
Em pleno século 21, 66 milhões de crianças vão para a escola com a barriga vazia e morrem de desnutrição 45 por cento das crianças menores de cinco anos. Sem dúvida, são números de arrepiar.
A fome afeta especialmente os países pobres da África, América Latina e o sudeste da Ásia, porém, de alguma maneira, também está presente em nações industrializadas, como Estados Unidos e certos membros da União Europeia.
É uma contradição que haja tanta gente passando fome em um planeta que, se estivesse bem organizado, teria capacidade de proporcionar alimentos suficientes para mais de sete bilhões de seres humanos.
A verdadeira tragédia, porém, não é essa, e sim que a comida necessária para resolver o problema no mundo todo já vem sendo produzida, mas se desperdiça, se joga no lixo.
O mais recente relatório que tem a ver com o tema revela que a cada ano se joga fora a quinta parte dos alimentos elaborados ou colhidos em todo o mundo, o que significa o equivalente a 931 milhões de toneladas.
À diferença de outros estudos, estes dados não incluem as partes não comestíveis, ou seja, cascas ou ossos.
A pesquisa foi publicada pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente PNUMA e se considera a mais completa feita até agora, porquanto não só abrange os países ricos, mas também os menos favorecidos onde, pasmem, ocorre esse desperdício.
A cada ano se perdem, em média, 121 quilos de comida por pessoa e desses 121quilos 74, ou seja, mais da metade se joga fora nas casas, e o resto em restaurantes, redes de distribuição ou vendas varejistas.
É um problema, portanto, que supera a economia ou sistemas de produção, porque entra na área de educação, ou melhor, de má educação, de padrões de comportamento e da influência negativa da publicidade que leva a comprar mais do que é necessário.
Quem não quis vê-lo como uma questão de direitos humanos, embora seja, pense em que um trabalhador que come mal rende menos, uma criança que está com fome não aprende direito na escola e a desnutrição provoca danos físicos e intelectuais para a vida toda.