La gestion de la pandémie par le gouvernement de Jair Bolsonaro est largement critiquée au Brésil.
Photo: Prensa Latina
Guillermo Alvarado
Além dos danos provocados pela pandemia da Covid-19 no Brasil, onde deixou até agora 114,8 milhões de contagiados e perto de 395 mil mortos, o país está enfrentando outra crise: a fome que castiga cada vez mais pessoas.
A informação aparece em recente artigo publicado pelo jornal norte-americano The New York Times, um meio que nem sequer o próprio Jair Bolsonaro trataria de classificar de favorecer a oposição de esquerda.
O artigo sustenta que nos últimos meses se podem ver nas ruas de muitas cidades brasileiras crianças mendigando nas portas de restaurantes e supermercados, uma imagem cada vez mais frequente.
Esta situação confirma que a política do governo federal de não adotar medidas de restrição diante do avanço da crise sanitária- sob o pretexto de resguardar a economia nacional – foi um estrepitoso fracasso, detalha The New York Times.
Desde o começo da pandemia, Bolsonaro fez ouvidos moucos às recomendações de médicos e especialistas que pediam colocar barreiras à cadeia de contágios, entre elas o confinamento.
Em longo prazo, o remédio foi pior do que a doença, porque a Covid-19 se espalhou e muitas empresas foram obrigadas a fechar com o conseguinte aumento do desemprego.
Ocorre que em 2020 perto de 19 milhões de habitantes passaram fome, quase o dobro dos que viveram nessa situação em 2018, assinala The New York Times.
Um estudo mencionado pelo jornal norte-americano revela que no primeiro ano de pandemia 117 milhões de brasileiros, um pouco mais da metade da população, padeceu insegurança alimentar.
Alguns economistas citados pela publicação disseram que não combater o novo coronavírus em lugar de proteger a economia e o emprego causou o efeito contrário.
Laura Carvalho publicou um estudo que mostra que as restrições podem ser negativas para a saúde econômica de um país em curto prazo, porém, em longo prazo, teria sido a melhor estratégia.
Em outras palavras, se o presidente tivesse escutado os peritos, a situação no Brasil não seria tão desesperadora como agora. Certamente, a comissão legislativa que investigará o comportamento de Bolsonaro com relação à Covid-19 levará em conta esta circunstância particular.