Crise dentro da crise

Editado por Lorena Viñas Rodríguez
2021-05-12 15:01:42

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Guillermo Alvarado

Recente informe especializado assinala que, no ano passado, 155 milhões de pessoas viveram em situação de insegurança alimentar aguda em ao menos 55 países. Neste ano o número poderia ser mais elevado e nem todas as causas têm a ver com a pandemia da Covid-19.

O documento foi elaborado pela Rede Mundial contra as Crises Alimentares, um grupo internacional criado para monitorar as raízes das insuficiências nutricionais e suas consequências em nível global.

A insegurança alimentar aguda é a 3ª fase numa escala de cinco, onde a 4ª é a situação de emergência e a 5ª, a catástrofe.

É verdade que tudo se complicou com a atual crise sanitária, mas a insegurança alimentar já existia e era muito grave antes da propagação do novo coronavírus pelo mundo.

Vemos isso na lista publicada pela Rede: os primeiros quatro lugares correspondem, nesta ordem, a República Democrática do Congo, Iêmen, Afeganistão e Síria.

O comum aos quatro é que vivem conflitos armados, alguns domésticos e outros impostos do exterior que destruíram a infra-estrutura da produção e distribuição de alimentos.

Os enfrentamentos armados também provocam fome e deslocamentos em massa de pessoas dentro das fronteiras e para o exterior, na região da África Subsaariana.

O 10º lugar na lista corresponde ao Haiti, o país mais pobre do hemisfério ocidental. É claro que não se trata de fatalidade ou opção. Leva mais de 200 anos submetido a saques e intervenções de potências continentais e extracontinentais.

Outro fator que incide sobre este problema tem a ver com os cada vez mais frequentes e intensos fenômenos meteorológicos, como aconteceu recentemente na América Centra com a passagem dos furacões Eta e Iota, que destruíram milhares de hectares de plantações.

Centenas de milhares de famílias perderam as colheitas que seriam seu sustento no futuro imediato, especialmente no chamado Corredor Seco, que se estende do sudeste do México até a Nicarágua, onde se prevê que neste ano suba o número de pessoas com insegurança alimentar.

Trata-se de uma crise dentro de outra crise, a criada pela Covd-19 que prejudicou a economia, destruiu milhões de empregos e mergulhou boa parte da população na pobreza.

No meio desta situação, é quimera falar na meta de desenvolvimento sustentável de eliminar o fantasma da fome para 2030, objetivo que não será atingido.

 



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