Pie de foto: El presidente Jair Bolsonaro promueve el uso de la hidroxicloroquina para prevenir el coronavirus, Brasilia, 16 de septiembre de 2020. Foto: Sergio Lima / AFP
Maria Josefina Arce
De novo em debate a controversa cloroquina, que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, aconselhava irresponsavelmente a tomar contra a Covid-19 e que segundo os profissionais da saúde eram obrigados a administrar no tratamento aos doentes.
O medicamento, ineficaz para o combate à Covid-19, foi alvo de debate nas sessões da Comissão do Senado que investiga as ações do governo com relação à emergência sanitária.
Nas audiências, soube-se que o ministério da Saúde cogitou a possibilidade de mudar o prospecto da cloroquina para utilizá-la contra a doença. A informação foi revelada pelo ex-ministro da pasta Henrique Mandetta e o diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Antonio Barra.
E tem mais evidenciando a política discriminatória e criminosa aplicada pelo atual governo contra os povos nativos. Ao menos 265 comprimidos do remédio, juntamente com outros também inoperantes contra a Covid-19, foram distribuídos a indígenas de cinco estados brasileiros.
Em seu depoimento, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que tinha liberado o uso da cloroquina, negou tê-los repartido entre os índios.
Contudo, documentos e registros do próprio Ministério da Saúde contradizem as versões de que a compra e distribuição desses medicamentos estavam destinados ao combate de outras doenças como ora se afirma.
Uma parte da cloroquina foi adquirida diretamente pelos DSEI – Distritos Sanitários Especiais Indígenas – ligados ao ministério e cujo trabalho tem sido muito criticado por essas comunidades.
Os povos autóctones denunciaram muitas vezes a inexistência de ações concretas do governo para o enfrentamento à pandemia em seus territórios.
As autoridades sempre minimizaram a gravidade da situação nessas comunidades e o resultado é que somam 163 comunidades afetadas, o número de contagiados ultrapassa os 50 mil e tem mil mortos.
Como se não bastasse, aumentaram as invasões de mineiros e madeireiros em seus territórios colocando em risco a saúde dos moradores.
A verdade é que Bolsonaro, desde que assumiu a presidência em 2019, tem favorecido a invasão das terras indígenas, o que provocou a morte de vários líderes dessas etnias.
Os indígenas denunciaram que Bolsonaro está roubando o futuro deles, porquanto os priva de seus territórios e recursos e coloca em perigo sua saúde ao encorajar a entrada em suas terras de pessoas estranhas que podem ser portadoras da doença, altamente contagiosa e letal.
O presidente brasileiro já foi denunciado na Corte Internacional da Haia e na ONU por incitar ao genocídio e ataques sistemáticos contra os povos originários, uma política criminosa que adquiriu força durante a Covid-19.