Os resultados do segundo turno das eleições presidenciais de domingo passado na Colômbia deixaram em evidência uma realidade: a maioria da sociedade almeja pôr fim ao conflito armado iniciado há cinco décadas com saldo de mais de 220 mil mortos e cinco milhões de pessoas fora de seus lugares de origem.
O atual chefe de Estado, Juan Manuel Santos, obteve mais de 50% dos votos. Ele é principal promotor do diálogo de paz com a guerrilha das FARC, Forças Armadas Revolucionárias, aberto em novembro de 2012 em Havana, a capital de Cuba. As conversações têm avançado com acordos em vários itens.
Santos diz que o fim do conflito permitirá “liberar o potencial” da Colômbia e aumentar os investimentos em saúde e educação. Em geral, será possível melhorar a vida das camadas mais humildes que são as que “colocam os mortos nesta guerra”, disse o Presidente. Dados oficiais apontam que um terço dos 47 milhões de colombianos é considerado pobre.
Santos venceu nas urnas Oscar Ivan Zuluaga , candidato da extrema-direita ligado ao ex-presidente Alvaro Uribe. Zuluaga tem sido muito crítico a respeito do diálogo de paz com a guerrilha.
Na vitória eleitoral, cabe destacar o papel essencial das alianças costuradas nos últimos 20 dias com a maioria das forças de esquerda, o partido União Patriótica, o Polo Democrático Alternativo e o Movimento Progressista. Santos obteve também o apoio de sindicalistas, camponeses e jovens que apesar de não coincidirem com seus planos de governo, apostam na paz e na reconciliação.
A abstenção foi de cerca de 50%, menor dos 60% registrados no primeiro turno que esteve marcado por acusações e escândalos de espionagem contra os negociadores de paz, nos quais veio à tona o nome do candidato opositor.
Somente a vitória de Santos poderia garantir a continuidade do processo de paz e evitar o retorno do chamado “uribismo” na política colombiana. Uribe, quando ocupou a Presidência, foi um grande aliado dos EUA e aplicou uma política neoliberal que aprofundou a brecha entre ricos e pobres.
A paz foi a grande vitoriosa na Colômbia no domingo passado. O resultado nas urnas representou um grande passo na construção de uma América Latina de paz e estabilidade. Agora, o desafio de Santos no seu novo mandato, a partir de agosto, será cumprir suas promessas com a sociedade e começar a instaurar uma paz duradoura com justiça social.
(M.J. Arce, 16 de junho)