Semente em risco

Editado por Irene Fait
2021-10-05 17:46:40

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Por Guillermo Alvarado

Autoridades humanitárias avisaram: no Afeganistão, um país rico em recursos naturais, mas devastado por décadas de guerra e ocupação estrangeira, começam a registrar os primeiros casos de crianças que morrem de fome.

Na província de Ghor, ao menos 17 crianças morreram por falta de alimentos e outras 300 estão hospitalizadas, a maioria com má nutrição severa, suas vidas correm risco iminente.

A situação já era grave durante a ocupação militar estrangeira, liderada pelos Estados Unidos, quando perto da metade da população, estimada em 38 milhões de pessoas, dependia da ajuda exterior para sobreviver, especialmente os deslocados internos e os refugiados.

Aos danos causados pela guerra, se soma pertinaz estiagem que destruiu uma boa quantidade de colheitas, o que trouxe subida exagerada dos preços, que a maioria das famílias não pode pagar.

A reconquista do poder pelo Taleban e a saída súbita de ocidente só conseguiram piorar as coisas.

O regime construído pelos ocupantes durante 20 anos mostrou que estava preso por alfinetes e caiu em poucas semanas deixando praticamente na rua centenas de milhares de trabalhadores que, de repente, perderam os salários que necessitavam para viver.

À precariedade, se soma o medo das retaliações por ter colaborado de algum modo com o sistema imposto pelos invasores, o que motivou que muitos pretendessem cruzar as fronteiras.

A tragédia se completou com a aplicação de sanções ao Taleban, como o congelamento do dinheiro destinado a programas de desenvolvimento, ou a medida do Fundo Monetário Internacional de impedir o acesso do novo governo às reservas monetárias depositadas nos Estados Unidos.

Em meio a esse panorama desolador, as crianças levam a pior. A ONU avisou: se não fossem tomadas providências, no final de 2021 um milhão de menores de cinco anos padeceriam má nutrição grave e precisariam de assistência médica para sobreviver, algo que não todos vão conseguir.

Como se sabe, a desnutrição aguda não só compromete o presente das crianças, mas também afeta seu futuro permanentemente acompanhado por sequelas físicas e intelectuais.

Se a infância é a semente da sociedade, no Afeganistão o porvir se pressagia obscuro, porque desde hoje está sendo marcado para sempre.



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