Prensa Latina
Após décadas de guerra e de intolerância, finalmente surge uma luz de esperança no meio da terrível situação em que vive a população no Afeganistão: a ONU conseguiu destravar o envio de ajuda humanitária e salvar assim milhões de pessoas da morte.
A saída das tropas estrangeiras do Afeganistão, no final de agosto passado, não significou o fim das penúrias, pelo contrário, surgiram novos problemas por causa da aplicação de sanções internacionais contra o governo do Talibã.
Para além dos males derivados da ocupação militar recém-finalizada e a intolerância de Ocidente com relação às novas autoridades, o país também padeceu nos últimos tempos a mais prolongada estiagem de sua história que arruinou inúmeras plantações.
Consequentemente, perto da metade de seus quase 40 milhões de habitantes padecem diferentes graus de desnutrição e há nove milhões de pessoas que estão à beira da inanição, muitas crianças já estão morrendo em suas casas, nas zonas rurais ou nos hospitais, onde faltam recursos para ajudá-las.
A situação é tão grave que muitos pais são obrigados a tomar decisões traumáticas, como escolher quais de seus filhos ou filhas hão de vender para salvar os outros.
No meio desta situação dramática, a medida adotada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas é uma tênue luz, ora da maior importância porque o inverno está avançando e essa estação do ano costuma ser muito cruel quando não há comida na mesa.
De qualquer maneira, isto não significa que a ajuda vai chegar logo, os Estados Unidos exigiram garantias de que não acabe nas mãos dos talibãs, não vire uma fonte de financiamento do novo governo, o que complica os procedimentos.
Ao invés de colocar barreiras, a primeira potência econômica e militar deveria admitir sua enorme responsabilidade nessa tragédia e facilitar as ações para alimentar um povo faminto que não é culpado nem da guerra, nem do governo que substituiu os invasores.
Desde que as novas autoridades se estabeleceram em Cabul, a Casa Branca barrou todas as vias de acesso do Afeganistão ao sistema financeiro global e não deixa que se usem as reservas internacionais depositadas em bancos norte-americanos e estimadas em dez bilhões de dólares.