DW
Por Guillermo Alvarado
As principais organizações indígenas e rurais do Equador continuam em greve pela segunda semana para reclamar do governo do presidente Guillermo Lasso medidas que permitam enfrentar o exagerado aumento dos preços.
Os protestos começaram na região de Pichincha, onde fica a cidade de Quito, a capital do país, e nas vizinhas Cotopaxi e Imbabura. Porém, à medida que as autoridades foram endurecendo a repressão, as manifestações se espalharam por outras regiões.
Os grevistas expressam seu descontentamento com obstrução de estradas para pressionar os segmentos economicamente poderosos, e também realizam marchas. Nos últimos dias vários grupos entraram na capital com o objetivo de se concentrar nas imediações de sede do executivo.
Em resposta, o governo de Lasso decretou o estado de exceção nas três regiões acima mencionadas e depois estendeu a medida a Chimborazo, Tungurahua e Pastaza.
Ademais, a polícia foi autorizada a utilizar gases lacrimogêneos para dispersar os protestos.
Há toque de recolher e está restringido o direito à livre mobilização, o que não impediu que avançassem em direção a Quito.
Em recente mensagem divulgada pelas redes sociais, o presidente Lasso quis esquivar sua responsabilidade sob o pretexto de que tinha convocado a negociações, porém os manifestantes, disse, buscam o caos. “Querem expulsar o presidente, eu estou aqui, eu não vou fugir”, disse.
A situação é muito grave para a maioria dos equatorianos, que padecem a subida exagerada dos preços, especialmente dos combustíveis e alimentos e se queixam de que o governo não faz o suficiente para atender seus apelos.
Seus pedidos se resumem em dez pontos: a outorga de subsídios para enfrentar a inflação, pôr fim a falta de fertilizantes, parar a subida dos preços das matérias-primas agrícolas, das passagens de ônibus, que prejudica as famílias pobres, entre outros.
Questionam, igualmente, que Lasso, em um ano de governo, não tenha acabado com a corrupção. Como se não bastasse, continua a falta de medicamentos no sistema de saúde pública, e cresce o desemprego.
O descontentamento aumentou quando a polícia invadiu a Casa da Cultura Equatoriana, em Quito, um lugar emblemático que acolhe grupos indígenas que vão até lá para reclamar seus direitos.
A situação pode piorar a não ser que o governo decida sentar-se à mesa de negociações, conversar honestamente com os líderes indígenas e assumir compromissos sérios, em consonância com a grave situação em que vive esse povo.