Web Gustavo Petro
Por Guillermo Alvarado
Praticamente todos concordam em se para Gustavo Petro foi difícil ganhar a presidência da Colômbia, mais difícil será aplicar seu programa num país polarizado, onde a violência e a pobreza castigam a maioria da população e a paz continua sendo uma quimera.
A partir do dia sete de agosto, o ex-prefeito de Bogotá e sua colega de chapa, Francia Márquez, governarão não só os 11,2 milhões de pessoas que votaram neles, mas também todos os habitantes de um país muito complicado.
O primeiro desafio será transformar a paz num bem tangível, num direito ao serviço da sociedade, porque os acordos assinados em 2016 não conduziram ao silêncio total das armas, nem à erradicação de crimes como os assassinatos seletivos e os desaparecimentos forçados.
O Exército de Libertação Nacional (ELN), uma guerrilha que continua ativa, anunciou sua disposição de conversar com as novas autoridades. É uma oferta que não pode ser desdenhada.
Nesta direção, há um assunto espinhoso e delicado: as relações com o exército e a polícia, forças que, até agora, servem às oligarquias e são responsáveis de atos repudiáveis.
A nomeação do futuro ministro, ou ministra, da Defesa dará o sinal claro do caminho a seguir numa nação, onde milhares de famílias buscam um ser querido, ou exigem justiça para sua morte.
E como a violência não é órfã, também é preciso batalhar contra a pobreza que atinge ao menos 39 por cento dos colombianos, um número elevado que vem crescendo nos últimos anos em meio à crise sanitária criada pela pandemia, e também pela corrupção.
A Colômbia continua sendo o primeiro produtor e exportador de drogas, especialmente de cocaína, que viaja de lá aos dois maiores mercados de consumo: Estados Unidos e a União Europeia.
O vestígio do pó branco pelas rotas do tráfico ilegal se pode seguir através das distorções econômicas, sociais e de saúde que provoca por onde passa.
O aquecimento da economia após dois anos de Covid-19 e os problemas financeiros globais, a inflação inclusive, também não são temas de menor importância. Será preciso trabalhar com o setor empresarial, cuja maioria não simpatiza com Petro.
Esse tipo de cooperação nunca existiu na Colômbia, porque lá sempre governou a direita, portanto foi fácil fazer uma campanha suja contra o presidente eleito, acusando-o das mais perversas intenções.
A prática, insisto, é a maneira de comprovar a verdade.