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Por Guillermo Alvarado
O grupo de inteligência ocidental conhecido como Cinco Olhos é tão antigo quanto atroz, como se tivesse saído de um romance policial de John Le Carré, nos quais os britânicos e seus amigos da CIA são os mocinhos e todos os outros são bandidos.
Não se sabe como, mas conseguiram atuar secretamente durante quase seis décadas e, quando já se sabia quem eram, pois continuaram funcionando como sempre. Em verdade, nada têm a ver com a ficção, e sim com o propósito de manter um controle estrito do mundo.
A rede nasceu durante a Segunda Guerra Mundial, quando os Estados Unidos e o Reino Unido assinaram um acordo de 1943 para compartilharem automaticamente todas as informações de inteligência sobre o principal inimigo do momento: o regime nazista alemão e seus aliados da Itália e o Japão.
O pacto se formalizou em 1946, já nos alvores da Guerra Fria, e também ligava os sistemas de interceptação de sinais da Agência de Segurança Nacional norte-americana à sua equivalente em Londres.
O Canadá aderiu em 1948. Nova Zelândia e Austrália fizeram a mesma coisa em 1956, quando o objetivo era claramente espionar a ex-União Soviética e todos os movimentos anti-imperialistas do mundo.
Chama a atenção que o grupo Cinco Olhos trabalhava tão encoberto que alguns governos não sabiam como funcionava até que o primeiro-ministro australiano, Gough Whitlan, descobrisse pasmado, em 1973, que seu país estava ligado a essa rede.
Segundo o artigo publicado por Philippe Leymarie no jornal britânico The Guardian, Whitlam também descobriu que a base de escutas australiana de Pine Gap praticamente era controlada pela CIA (Agência Central de Inteligência) dos Estados Unidos.
Apesar das denúncias do governo da Austrália, a rede continuou trabalhando secretamente e só em 2010 se revelou o conteúdo total do acordo, mas ninguém percebeu direito sua magnitude até que Edward Snowden vazasse em 2013 dezenas de milhares de dados que esse sistema tinha compilado.
O pacto de espionagem nasceu durante um conflito bem quente, cresceu e se fortaleceu na Guerra Fria, porém quando este período chegou ao fim, ao invés de desaparecer, se diversifica por meio do programa Échelon, que também vigiou alvos civis amigos e inimigos.
Nestes tempos confusos e difíceis em que vivemos, estudam ampliar a rede, querem não só aumentar o número de seus membros, mas também suas atividades, que, desta feita, serão dirigidas contra a China, o novo inimigo que Washington está fabricando.