Flores na escola primária Robb, em Uvalde, Texas, onde 19 estudantes e duas professoras morreram durante tiroteio. Foto / Sergio Flores para TWP.
Por Maria Josefina Arce
A violência com armas de fogo nos EUA se tornou uma tragédia comum. Tiroteios nas escolas e lugares públicos ocorrem em qualquer lugar do território norte-americano. Vale destacar que 2022 é um ano letal.
Até agora, se registraram mais de 530 tiroteios, de acordo com a organização Arquivo da Violência Armada, que monitora esses acontecimentos.
A entidade, sem fins de lucro, detalha que 251 crianças foram assassinadas e outras 570 feridas ao longo dos quase 10 meses decorridos.
A sociedade norte-americana recorda perfeitamente o tiroteio de maio passado na escola primária de Uvalde, Texas, onde morreram 19 crianças abatidas por um garoto de 18 anos de idade.
Infelizmente, não é a única chacina em escolas cometida muitas vezes por jovens. De tempo em tempo, os Estados Unidos são conturbados por casos lastimáveis, desde aquele triste 30 de abril de 1999, quando ocorreu o massacre de Columbine, no estado de Colorado, na que perderam a vida 12 estudantes.
Cada massacre aviva o medo das famílias e das crianças, que vivem temerosas de que ocorra um tiroteio em sua escola.
A espiral de violência cresce de maneira irrefreável. Pouco ou nada fizeram as autoridades para controlar a situação nas últimas décadas. As propostas para endurecer as leis de porte de armas não avançaram durante anos no Congresso, contidas pela influente Associação Nacional do Rifle, à qual pertencem muitos políticos e até ex-presidentes que, em seu momento, não quiseram enfrentar essa situação.
Estamos falando concretamente de Donald Trump. Quando ocorreu a chacina de Parkland, em fevereiro de 2018, sob seu governo, ao invés de limitar a proliferação das armas recomendou armar os professores!
Sempre existiu uma grande divisão com relação ao assunto. Muitos defendem o direito de portar armas, estabelecido na Segunda Emenda da Constituição e, a pretexto da mesma, impedem que avancem as medidas de segurança que salvariam vidas.
De resto, os esforços feitos em alguns estados tropeçam numa Suprema Corte conservadora. Por exemplo, em junho passado, a Suprema Corte confirmou o direito constitucional de uma pessoa portar arma de fogo na rua. Assim decidiu por um caso em Nova York, um dos seis estados com restrições ao porte de armas na via pública.
Após a chacina de Uvalde e as inúmeras vítimas mortais ao longo de décadas, finalmente democratas e republicanos se puseram de acordo e se aprovou uma lei de controle de armas, que embora longe de preencher exigências de uma parte da sociedade, introduz cerras limitações e destina bilhões de dólares à saúde mental e à segurança escolar.
Informações mais recentes revelam que há mais de 390 milhões de armas em circulação no território norte-americano.
A verdade é que esse direito que tanto evocam muitos nos EUA atenta contra o direito de vida e segurança dos cidadãos. Cada dia que passa, a violência armada mata pessoas e mais e mais famílias choram a morte de seus seres queridos.