O Paraguai mostra avanços do ponto de vista macroeconômico, porém, o mesmo não acontece com os serviços de saúde aos quais tem acesso a população de baixa renda.
Portanto, o retorno a Assunção de dezenas de jovens desse país formados em medicina nas faculdades cubanas constitui uma boa notícia. Eles estudaram através de bolsas gratuitas no marco da colaboração com os países do Sul.
Nos últimos 14 anos, mais de mil paraguaios se graduaram em Cuba como profissionais nessa área, a maioria procedentes de famílias humildes que não teriam condições de fazer o mesmo nesse país.
Entre os membros do MERCOSUL, Mercado Comum do Sul, o Paraguai é o que menos investe na área social, embora a macroeconomia tenha crescido uma média de 4,7% anual desde 2003 em meio à aplicação de receitas neoliberais.
Nesse contexto, são desconsideradas as denúncias de organizações sociais e dos partidos de esquerda em torno de que as conquistas na economia não são acompanhadas por maiores investimentos na educação e saúde.
De 1990 a 2009, o índice de mortalidade infantil no Paraguai diminuiu de 30 para 15,4 óbitos por cada mil nascidos vivos. No entanto, esse número ainda é alto e está longe da meta estabelecida nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
A pobreza extrema nesse país atinge 18% da população, e um terço dos cidadãos é considerado pobre. Existem apenas 13 médicos para cada 10.000 habitantes, mais da metade deles trabalhando em Assunção, a capital, e na região central.
O modelo de atenção à saúde no Paraguai não dá prioridade à prevenção nem ao atendimento primário, apesar da opinião de analistas que consideram a falta de acesso a esse serviço como um fator de exclusão social.
O presidente Horacio Cartes cumpriu seu primeiro ano de mandato em 15 de agosto passado, tendo de enfrentar protestos dos que consideram que não cumpriu suas promessas de campanha.
A população paraguaia exige serviços de saúde gratuitos, mais orçamento para o funcionamento dos hospitais públicos e melhorar os salários de médicos, enfermeiras e técnicos.
O país necessita de uma transformação na estratégia oficial sobre os serviços públicos, e nesse processo os jovens médicos formados em Cuba podem contribuir muito.
(R. Morejón, 20 de agosto)