Por Maria Josefina Arce
Estados Unidos não desiste de considerar América Latina seu pátio traseiro, mesmo perdendo hegemonia na região diante do avanço de governos progressistas e soberanos, que não se subordinam aos seus ditames e buscam o bem-estar de seus povos.
Sem dúvida, não consegue esconder sua essência colonialista e a tendência de se intrometer onde não é chamado. EUA deseja os recursos naturais do território latino-americano, onde abunda o petróleo, o cobre, o ouro e o lítio, considerado este o minério do futuro.
Recordemos as pressões sobre Venezuela, que conta com as maiores reservas de hidrocarboneto no mundo e enormes jazidas de ouro. A nação latino-americana está exposta a sanções econômicas, roubo de seus ativos internacionais e tem sido cenário de ações desestabilizadoras incentivadas pelos EUA para subverter a ordem constitucional e colocar um governo afim aos seus interesses.
Não foi a toa que protegeu até onde lhe foi útil Juan Guaidó, que em 2019 se proclamou presidente da Venezuela contra a vontade do povo que tinha reeleito, em 2018, Nicolás Maduro para um novo mandato.
Durante a presidência de Hugo Chávez, Washington se encarregou de instalar bases militares na vizinha Colômbia, em aberta provocação e ameaça contra Caracas. Cobiçava seu petróleo e ouro, entre outras riquezas da nação sul-americana.
Agora pôs os olhos no lítio, um metal de grande potencial eletroquímico utilizado na fabricação de baterias e tecnologia termossolar, eficiência energética e produção de reagentes.
Ocorre que Bolívia, junto com Chile e Argentina, compõe o chamado triângulo do lítio. A nação presidida por Luis Arce está negociando com países, como China e Rússia, a exploração desse elemento.
E nos Estados Unidos deram o alarme. Em postura de ingerência aberta, a chefe do Comando Sul, Laura Richardson, afirmou perante congressistas norte-americanos que tinham ignorado seu pátio traseiro, onde existe boa quantidade de riquezas.
Afirmou sem hesitar que estava preocupada com a atividade que estariam desenvolvendo “adversários” do país na América Latina. Tudo muito no estilo da Doutrina Monroe, que se resume na frase “América para os americanos”, a justificação norte-americana para se expandir pelo hemisfério e ficar com suas riquezas.
A resposta da Bolívia foi categórica. O ministro de Hidrocarbonetos Franklin Molina ressaltou que seu país tem o direito soberano de explorar o lítio com os parceiros que bem entenda.
Bolívia deixou claro que não admitirá nenhum tipo de intromissão e imposição dos EUA, um país que tem a fama de se apoderar dos recursos da região, em detrimento do desenvolvimento dos povos.
Estados Unidos não soltam a Doutrina Monroe, que alguns consideravam enterrada, mas se enganaram. Sempre esteve aí e Washington lança mão da mesma quando considera ameaçados seus interesses colonialistas.