Conm Trump tudo vira um show perigoso
Por Maria Josefina Arce
Ruas fechadas e policiais em todas as partes. Esse era o panorama na cidade de Miami no dia em que o ex-presidente Donald Trump tinha sido convocado a prestar depoimento na justiça, acusado de manejo inapropriado e retenção de documentos secretos.
Com Trump tudo vira um show perigoso. Seu discurso incendiário e de ódio durante os quatro anos de estadia na Casa Branca, e também depois que saiu de lá, em 2021, sempre provocou polêmica e incitou à violência.
Quando perdeu as eleições presidenciais de 2020 para Joe Biden, começou a espalhar que houve fraude eleitoral. Mais tarde, quem não se lembra de seu papel no ataque ao Capitólio para deter a certificação da vitória eleitoral do candidato democrata.
Nesta ocasião, não foi diferente. Com suas declarações contra o juiz e os promotores, chamando-os de transtornado e assassinos, e incitando seus apoiadores a protestar, agravou ainda mais a situação.
O ex-presidente, que convocou seus apoiadores com a frase “precisamos força em nosso país agora”, se declarou inocente em 37 acusações formuladas contra ele, por exemplo, conservar ilegalmente documentos secretos após sair da Casa Branca e obstaculizar sua entrega.
Depois da audiência, Trump e seu assistente, que também aparece como acusado no caso, foram colocados em liberdade sem nenhuma condição, porque consideraram que não são propensos a fugir.
Constantemente, Trump afirma que é perseguido pelos democratas; utilizou esse subterfúgio em outras investigações por suas práticas comerciais e também quando fez de tudo para anular sua derrota eleitoral no estado de Georgia.
Não é o único momento tenso que provocou o ex-presidente nos últimos meses.
Em abril passado, houve uma forte operação policial ao redor do Tribunal Penal de Manhattan, na cidade de Nova York, onde foram lidos cargos que lhe atribuem ter pagado 130 mil dólares a uma atriz.
O dinheiro pretendia calar a mulher sobre a relação que tiveram, para não prejudicar sua campanha presidencial de 2016.
No atual caso, de acordo com a Procuradoria, os delitos mais graves são obstrução à justiça e conspiração, pelos quais poderia ser condenado a 20 anos de cadeia e multas de até 250 mil dólares.
Em meio e tudo isto, Trump está pensando em se candidatar à presidência nas eleições de 2024. Todavia, um informe da Comissão Legislativa que investigou os acontecimentos de janeiro de 2021 recomendou que o ex-presidente não ocupasse cargos públicos depois do papel que desempenhou no ataque ao Capitólio dos EUA.