O 20º Foro de São Paulo, realizado na Bolívia, abriu espaço para um debate útil entre as organizações políticas e sociais de esquerda, sobretudo da América Latina. O momento foi propício, com vários governos dessa tendência no poder na região, apesar dos perigos latentes.
Não se trata de que forças políticas copiem as experiências de outros. Porém, processos como o que decorre na Bolívia, com um presidente de origem indígena eleito pela população, constitui um exemplo de como preservar os recursos da nação em benefício das maiorias.
O Foro de São Paulo está ligado à cidade brasileira do mesmo nome. Lá foi fundado em 1990 por iniciativa do hoje ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, que contou com o apoio de Cuba para levar adiante essa iniciativa.
Na 20ª edição do encontro, realizado em La Paz, estavam presentes cerca de 300 representantes de 50 organizações políticas.
Condizente com os novos tempos de austeridade, a reunião deixou de ser massiva. Agora, centra-se no intercâmbio de pontos de vista sobre a viabilidade, desafios e perspectivas da esquerda num mundo globalizado, sob a pressão das políticas neoliberais e outros grandes problemas.
Os participantes abordaram uma ampla agenda de assuntos e condenaram o bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba pelos EUA desde o começo da década de 1960. Também, a ofensiva da direita venezuelana, que tenciona derrubar o governo constitucional do presidente Nicolás Maduro.
O Foro de São Paulo expressou seu apoio ao Equador em sua demanda legal contra a multinacional petroleira Chevron-Texaco por graves danos ecológicos nesse país, e foi solidário à Argentina em sua reivindicação da soberania das Ilhas Malvinas, alvo de um litígio de longa data com a Grã-Bretanha.
Nos debates ficou evidente o respaldo às candidaturas de Tabaré Vázquez, no Uruguai, Evo Morales, na Bolívia, e Dilma Rousseff, no Brasil, candidatos nas próximas eleições presidenciais.
Não foi esquecido o cerco econômico que os chamados “fundos abutre” pretendem fechar sobre a Argentina, mergulhada numa disputa legal contra os que especulam com as dívidas soberanas dos países no mercado financeiro.
Ficou claro que a esquerda deve examinar profundamente seus avanços e desafios, e propor iniciativas na luta para sustentar processos políticos que garantam a justiça social.
Nesse panorama, é preciso alertar para as manobras e ações das forças locais de direita e de potências fora da região, que almejam anular as experiências progressistas e revolucionárias em curso na América Latina e o Caribe.
(R. Morejón, 3 de setembro)
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