Por Maria Josefina Arce
Os resultados das chamadas PASO, eleições primarias, abertas, simultâneas e obrigatórias, realizadas no fim da semana passada na Argentina, surpreenderam advertindo sobre o rumo que poderia empreender um país esmagado pelas exigências do FMI (Fundo Monetário Internacional).
A extrema-direita obteve a maior votação na jornada dominical, quando os argentinos escolheram nas urnas os candidatos que representarão os partidos políticos e as coalizões nas eleições gerais de 22 de outubro próximo, nas que será eleito o novo presidente da nação sul-americana.
Javier Milei, do partido La Libertad Avanza (A Liberdade Avança) admirador dos ex-presidentes dos EUA Donald Trump e do Brasil, Jair Bolsonaro, foi o mais votado, ao obter 30% das cédulas.
Muitos ficaram pasmados com o resultado obtido por Milei que deixa dúvidas e incertezas sobre o que acontecerá dentro de dois meses nas eleições gerais, quando o eleitorado costuma emitir voto de castigo.
Não obstante, como contrapeso está Sergio Massa do governista e peronista Unión por la Pátria (União pela Pátria) que obteve 27,3% e, de acordo com os analistas, é um dos candidatos com boas possibilidades de ganhar em outubro.
Da mesma forma, com 28,3% se posicionou a polêmica Patrícia Bullrich, do direitista Juntos por el Cambio (Juntos pela Mudança). Ela fez parte do governo do ex-presidente Maurício Macri, responsável pela volta do FMI e de suas políticas de ajuste à Argentina.
A indiferença também marcou as eleições primárias. Apesar de que as chamadas PASO sejam obrigatórias, só 69% do eleitorado compareceram às mesas eleitorais, uma participação inferior a de outras vezes.
Vinte e seis pré-candidatos à presidência de 15 partidos se apresentaram às PASO, nas que também foram eleitos os que se postularão para as cadeiras que serão renovadas no Poder Legislativo.
Em outubro próximo serão eleitos 130 dos 257 membros da Câmara de Deputados e 24 dos 72 membros do Senado.
Para ser eleito e concorrer nas eleições gerais precisa-se, no mínimo, de 1,5% dos votos válidos,
As PASO estiveram marcadas pela complicada situação econômica reinante naquele país. A elevada inflação é, hoje em dia, uma das principais preocupações dos argentinos.
As previsões econômicas para a Argentina são sombrias. Segundo os analistas, a média da inflação, neste ano, será de 116%.
Os especialistas consideram que é preciso levar em conta o impacto da dívida de mais de 56 bilhões de dólares contraída por Macri com o FMI e a constante intromissão da instituição financeira, que freia o progresso do país.
Com este pano de fundo, e um candidato admirador da ditadura militar, a questão é o que vai passar nas urnas em 22 de outubro, qual será o caminho escolhido pelos argentinos. Vale recordar que o perigo da extrema-direita avançar é mais real do nunca.