Por Maria Josefina Arce
Duas semanas após as eleições presidenciais e legislativas em El Salvador, finalmente se sabe a composição da nova Assembleia Legislativa, que terá 60 membros.
Vale lembrar que em junho do ano passado, oito meses antes das eleições, a Assembleia aprovou uma proposta do presidente salvadorenho Nayib Bukele para reduzir o número de assentos de 84 para 60, que entrou em vigor após as eleições do último dia 4.
Na opinião de especialistas, a proposta respondia a um cálculo eleitoral do presidente e de seu partido Novas Ideias para controlar o órgão legislativo e poder adotar leis e outras medidas, como o estado de emergência, sem oposição.
E foi justamente o partido governista que conquistou a maioria dos assentos, de acordo com os resultados divulgados pelo Supremo Tribunal Eleitoral nas últimas horas.
De acordo com as informações fornecidas, a próxima Assembleia será dominada por 57 deputados pró-governo, 54 do Novas Ideias e três de partidos aliados ao governo. Os três assentos restantes estarão nas mãos da oposição.
A ARENA, Aliança Republicana Nacionalista, de direita, conquistou dois assentos e o Vamos, um. Ambos os movimentos políticos declararam que pedirão a anulação das eleições devido a anomalias, mas tudo indica que as exigências e críticas não prosperarão.
No último sábado, o Supremo Tribunal Eleitoral confirmou a reeleição de Bukele como presidente e, poucas horas após fecharem as urnas, ele já havia se proclamado vencedor.
O processo foi polêmico desde o início, com reclamações dos partidos de oposição sobre várias irregularidades.
De fato, uma semana antes das eleições, o órgão eleitoral zerou o sistema de computadores devido a falhas, e 300 mesas foram montadas para a contagem final dos votos em 4 de fevereiro, cujas ações também não ficaram isentas de questionamentos.
Não houve surpresas nos resultados das eleições, eram esperados. O partido governista, de acordo com especialistas, conseguiu moldar as regras eleitorais a seu favor. A partir de 1º de maio, quando a nova legislatura tomará posse, Bukele governará sem enfrentar oposição às suas propostas.